IPCA-15 e Minutas do FOMC

O destaque desta manhã está para a aceleração do movimento de fortalecimento do USD no mundo, ainda concentrado contras as moedas low yields, mas já com sinais de espalhamento para as demais moedas do mundo. O cenário de melhora do crescimento americano, especialmente em termos relativos contra o resto do mundo, e  a percepção de que o processo de ajuste monetário nos EUA será feito antes do que nos demais países desenvolvidos, está sendo o principal motivador deste movimento. Acredito que estes argumentos fazem total sentido e, a despeito de realizações pontuais, o USD forte no mundo pode se transformar em uma tendência mais prolongada, podendo ser a marca deste segundo semestre do ano.

As bolsas globais mostram um leve viés de acomodação/realização de lucros, mas em um movimento ainda tímido. Os bonds americanos mostram leve abertura de taxas, mas sem uma tendência global definida. Finalmente, as commodities seguem o movimento de USD forte e operam sobre pressão.

A agenda do dia será relevante, com IPCA-15 no Brasil e Minutas do FOMC nos EUA.

Brasil – Os jornais noticiam hoje que Beto Albuquerque deve ser nomeado vice na chapa da Marina Silva, o que já vinha sendo ventilado na mídia nos últimos dias. Os programas eleitorais gratuitos tiveram início ontem. Todos estão muito bem feitos. A dúvida de o quanto importante o horário eleitoral gratuito ainda tem em uma eleição, em um Brasil com muito mais TV por assinatura, computadores e internet, será confirmada (ou não) pelas próximas pesquisas. No campo macro, o IPCA-15 poderá ser determinante para a postura do BCB nos próximos meses. Acredito que o plano de voo do BCB é manter a Selic estável até as eleições. Depois disso, o patamar do câmbio quem poderá ser determinante em seus próximos passos. Contudo, um número fraco hoje, certamente irá manter viva no mercado as expectativas de um processo de queda de juros em um futuro próximo.

EUA – Acho difícil as Minutas do FOMC hoje serem mais dovish do que a precificação do mercado de juros americano. Por outro lado, também não acredito que irá mudar radicalmente a percepção do mercado em relação ao gradualismo do Fed. Meu viés é de acreditar em um comitê levemente mais hawkish do que o seu “núcleo duro”, composto por Yellen, Dudley e Stanley Fisher. Assim, poderemos continuar a ver o movimento recente de sustentação do USD do mundo. O tamanho do desconforto desta ala mais hawkish pode ser a chave para uma eventual correção dos ativos de risco. Atribuo probabilidade baixa a este cenário, mas não desprezível. Yellen terá a sexta-feira para elucubrar mais sobre o tema do emprego e, eventualmente, reverter qualquer interpretação errada por parte do mercado.


Europa – As Minutas do BoE, na Inglaterra, mostraram uma inesperada decisão dividida na última reunião de política monetária, com 2 membros votando a favor de uma alta imediata de 25bps. A Inglaterra vive um cenário de crescimento/inflação muito parecido com os EUA, talvez cerca de 4 a 6 meses a frente do que pode ocorrer nos EUA. Qualquer movimento no país será visto como antecessor do que pode acontecer nos EUA.

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