Melhora no humor

Desculpem o atraso, estive resolvendo problemas particulares neste interessante dia.

A consolidação dos mercados globais, que comentamos hoje pela manhã que poderia ocorrer nos próximos dias, acabou sendo muito mais rápida e acentuada do que eu imaginava, revertendo parte do “estrago” técnico que havia sido feito ao longo de toda a semana. As bolsas norte americanas, em especial, acabaram fechando a semana com uma cara muito melhor do que a madrugada de hoje prometeu.

O anúncio de que Rússia estaria retirando suas tropas da fronteira da Ucrânia, e de que Putin estaria disposto a dar “um passo atrás” no conflito, foi o grande propulsor do movimento. Ainda acho cedo para acreditar que o ajuste técnico tenha sido totalmente completado, mas certamente o price-action de hoje traz uma sensação muito mais positiva do que aquela verificada até a noite de ontem.

Não sou especialista em geopolítica. O trigger para o movimento de aversão a risco essa semana parece ter sido o acumulo de notícias negativas, em um mercado tecnicamente frágil e mal alocado. O conflito na Ucrânia, o conflito entre Israel e o Hamas, e o ataque militar americano no Iraque, foram alguns dos argumentos utilizados para o movimento de piora dos ativos de risco. Tenho o viés de acreditar que esses problemas, para os mercados financeiros, não passam de ruídos pontuais e localizados que, individualmente, não seriam capazes de alterar a dinâmica dos ativos de risco. Contudo, em conjunto, e com um pano de fundo onde os preços pareciam “esticados”, as volatilidades excessivamente baixas, e os investidores com posições desconfortáveis, formaram o conjunto perfeito para uma realização de lucros.

Brasil – Confesso que a reação do mercado a pesquisa Ibope me surpreendeu. Achei a pesquisa marginalmente mais positiva, já que não houve mudanças significativas de avaliação do governo e de intenções de voto no primeiro turno. Contudo, a conversão de votos indecisos no segundo turno está sendo integralmente para a oposição, com a diferença entre Dilma e Aécio caindo de 8% para 6%. Na margem de erro, uma diferença quase nula. No campo macro, o IPCA acabou ficando em 0,01% MoM em julho, abaixo das expectativas de 0,10% e mantendo a alta em 12 meses dentro do teto da meta, em 6,50%. Como era de conhecimento geral, a inflação corrente irá dar um alívio ao BCB nos próximos 2-3 meses, o que já vem sendo, inclusive, observado por membros do Copom, ao retirar o termo “inflação resistente” de suas apresentações e discursos. Ainda acho que o cenário base seja de juros estáveis no horizonte relevante de tempo, leia-se, até as eleições. Contudo, com a atividade econômica fraca, e sem um movimento mais brusco no câmbio, as especulações continuarão a ser em torno da possibilidade de queda de juros em algum momento do tempo. O BCB anunciou hoje o aumento da rolagem de swaps cambias, o que de certa forma já vinha sendo especulado após o movimento recente da moeda. Este BC irá continuar a lutar, “com unhas e dentes”, contra uma depreciação mais rápida e acentuada da moeda.

Posição - Neste ambiente, adotaria um viés mais neutro, em busca de posições mais específicas. Ainda gosto do Long USD, mas com o argumento de fortalecimento da economia norte americana vis-à-vis o resto do mundo. Uma cesta de moedas Emergentes e de G10 seria uma posição mais adequada na ausência de movimentos mais bruscos de aversão a risco. O mercado de juros americano, especialmente a parte longa da curva de juros, atingiu o menor patamar do ano, com a aversão a risco desta semana. Continuo gostando de tomar taxa nos vértices entre 2 e 3 anos. No Brasil, gosto da barriga e da parte longa da curva de juros. Utilizaria o BRL como hedge da posição, mas estruturas de opção me parecem o instrumento mais adequado neste momento. Com a alta recente das vols, estruturas altistas que se favorecem desta vol elevada podem ser interessantes.

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