Diferenciação

Com o risco geopolítico retrocedendo desde a sexta-feira passada, o cenário econômico voltou a ditar a dinâmica dos ativos de risco, como comentamos neste fórum que poderia ocorrer a partir desta semana, na carta de ontem.

Neste ambiente, estamos observando um claro movimento de diferenciação entre os ativos de cada região e entre as classes de ativos. O que mais me chama a atenção é o movimento de fortalecimento do USD no mundo, que teve início a cerca de 2 semanas atrás, com o movimento global de aversão a risco, mas está tendo continuidade nos últimos dias, em um cada vez mais explícito movimento de fortalecimento da economia norte americana vis-à-vis o resto do mundo. No mercado de renda variável, estamos vendo uma certa dificuldade das bolsas da Europa em mostrar recuperação mais consistente após a realização de lucros recentes (vide seção Europa abaixo), mas já vemos uma clara resiliência das bolsas dos países emergentes e dos Estados Unidos. O mercado de juros americano, por sua vez, permanece nos níveis mais baixos das últimas semanas, e ainda não conseguiu recuperar os níveis pré ruídos geopolíticos. Acredito que o acumulo de dados econômicos positivos será necessário e suficiente para que o mercado volte a focar no timing e na velocidade da normalização monetária nos país.

Na agenda do dia hoje, teremos como destaque o JOLTS Job Openings nos EUA. No Brasil, a cena política irá dominar a semana. A pesquisa Sensus feita para a revista Isto É pode sair a qualquer momento.

Brasil – Os ativos locais tiveram ontem um dia de recuperação, revertendo totalmente a piora verificada na sexta-feira. É possível que as notícias políticas do final de semana, comentandas neste fórum desde sábado, tenham ajudado o humor do mercado, já que deveriam afetar negativamente a avaliação de Dilma e do PT. A performance de Aécio no JN me pareceu positiva. Conseguiu responder com tranquilidade as perguntas mais “espinhosas” e conseguiu adotar uma postura de “falar para o povo”, mirando uma parte do eleitorado que ainda se vê distante do PSDB.

Europa – O ZEW na Alemanha, um dos principais indicadores de confiança de toda a Europa, apresentou acentuada e surpreendente queda em agosto, com o Current Situation passando de 61,8 para 44,3 pontos, muito abaixo das expectativas de 54,0 pontos e o Expectations saindo de 27,1 para 8,6 pontos, abaixo dos 17,0 esperados pelo mercado. Os ruídos na Ucrânia devem estar afetando de maneira mais incisiva as expectativa na Europa, pela proximidade da região ao país e pela dependência da região ao gás e ao petróleo da Rússia. De qualquer maneira, as recentes surpresas negativas na Europa devem colocar o Banco Central Europeu em alerta e reforçar a necessidade de novas medidas de estímulo monetário, mantendo o EUR sobre pressão e as taxas de juros da região em patamar baixo.

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