Eleições, Ucrânia e BCE em Destaque

As vésperas de um semana relevante para o cenário externo, com a decisão de política monetária do BCE, na Europa, e os dados de emprego de agosto, nos EUA, o destaque do final de semana ficou por conta da piora no clima político/diplomático nas questões referentes a Ucrânia (mais abaixo). A semana começa com um feriado nos EUA na segunda, mas terá uma agenda repleta de dados econômicos relevantes, especialmente nos EUA.

Brasil – A pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira pelo JN consolidou a liderança de Marina Silva nas intenções de voto, já empatada no primeiro turno com Dilma, e abrindo 10pp de liderança no segundo turno. Neste estágio da campanha, com Mariana ainda ganhando bastante atenção da mídia, fica difícil saber qual o real teto de popularidade da candidata do PSB. O programa de governo de sua chapa, divulgado também na sexta-feira, foi bem recebido pelo mercado e pelo empresariado. Adotou um tom extremamente ortodoxo e pro mercado no capítulo referente a economia, além de buscar avanços importantes em áreas como educação, saúde e segurança. É verdade que ainda existe um grande ponto de interrogação na capacidade de governar de um partido pequeno como o PSB, mas se Mariana conseguir colocar em prática uma fração do que está prometendo, já será um avanço extraordinário para o país. Por hora, o mercado deverá continuar dando o benefício da dúvida a ela. Os ativos locais deverão continuar seguindo a cena política. Esta semana, teremos um debate no SBT logo na segunda-feira e mais uma pesquisa Ibope, provavelmente na quarta-feira.

Ucrânia – A situação no país parece ter sofrido uma deterioração considerável na segunda metade da semana passada. O governo da Ucrânia, juntamente com o Ocidente, acusa a Rússia de estar aumentando a presença de suas tropas na fronteira do país e, inclusive, com incursões frequentes em território ucraniano. A Europa declarou que já está preparando uma nova rodada de sanções econômicas contra a Rússia, no que deve isolar ainda mais o país economicamente e diplomaticamente podendo, em algum momento, tornar a condução da economia inviável. O governo da Ucrânia declarou que o país está a poucos passos de um combate militar direto contra a Rússia, o que seria o pior dos cenário para a região e para o mundo. Acredito não ter vantagem comparativa para prever o próximo capítulo desta novela, especialmente quando se trata da Rússia, um país economicamente e militarmente relevante para o mundo. Neste cenário, acredito que podemos ter ruídos pontuais nos ativos de risco, com uma probabilidade crescente de contágio para outros mercados e outras economias, que não as da Rússia e da Ucrânia. Assim, a busca por hedges para um evento de cauda na região faz total sentido neste momento.

EUA – Os últimos números de crescimento no país continuam mostrando uma economia em ebulição. No final da semana passada, foi a vez do Chicago PMI recuperar toda a queda dos últimos meses e se firmar nos picos deste ciclo econômico, colocando um risco positivo para o ISM Manufacturing na semana que se aproxima. Durante a semana, teremos outros indicadores de atividade e emprego, mas o Payroll e a Taxa de Desemprego de agosto podem ser determinantes para os próximos passos do Fed e para a dinâmica futura dos mercados. Espero números robustos, que irão confirmar o momento positivo da economia. O mercado de juros ainda parece ignorar os sinais da economia e do próprio Fed, em parte seguindo um movimento global de fechamento de taxas de juros liderado pelos eventos na Europa. Os dados de emprego desta sexta-feira podem ser determinante na mudança desta tendência.

Europa – Não há dúvida de que a reunião do BCE esta semana será um dos eventos mais importantes dos próximos dias. O mercado já espera que Draghi anuncie uma nova rodada de medidas de suporte à economia, com algum corte de taxas de juros e uma sinalização mais clara em torno de um potencial QE. A ausência de medidas será uma surpresa negativa para o mercado, enquanto o anuncio de um QE mais amplo será visto como uma postura ainda mais agressiva por parte do BCE.


China – O país passa por um momento delicado, já que o crescimento mostra dificuldades em mostrar uma recuperação mais sólida e consistente. O governo vem adotando uma postura mais proativa e agressiva na tentativa de estabilizar a economia com um crescimento em torno de 7,5%. Acredito que eles serão bem sucedidos em conter uma espiral mais negativa da economia, mas os problemas estruturais da economia irão continuar impedindo uma aceleração mais forte do crescimento. Os mercados, e as demais economias do mundo, deverão se acostumar com um menor crescimento estrutural da economia do país.

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