Consolidação

Externo – A quarta-feira teve início com os ativos de risco sobre pressão, liderados por dados econômicos mais negativos na Europa (PIB do 2Q na Itália, factory orders na Alemanha e Produção Industrial na Inglaterra). Observamos pressão baixista nas bolsas, alta nas taxas dos papéis de dívida soberana da periferia da Europa, demanda por bunds e um movimento de dólar forte contra as moedas emergentes, especialmente contra as moedas o leste europeu. O pessimismo na Europa deu lugar a consolidação dos ativos de risco nos EUA, após o encerramento da seção europeia. A despeito de um price-action menos negativo, e de sinais de estabilização dos mercados, ainda vejo um pano de fundo de fragilidade, com um quadro técnico que demanda atenção especial. O S&P conseguiu se sustentar acima da média de 100 dias, o que pode ser visto como positivo, mas um rompimento pode dar espaço para um movimento maior de correção. Em suma, tivemos uma quarta-feira de consolidação, mas ainda vejo sinais de fragilidade. Assim, ainda me parece cedo para acreditar que o período de ajuste técnico já tenha chegado ao fim.

Brasil - Sem novidades relevantes no campo macro. A ANFAVEA de julho mostrou um quadro ainda extremamente desafiador para a produção industrial. Não vejo nenhum sinal consiste de recuperação do crescimento. O próximo evento relevante será o IPCA na sexta-feira. A coleta de inflação mostrou uma alta na ponta hoje, mas continua rodando confortavelmente em torno de 0,10%-0,20%. Os mercados locais tiveram um dia de recuperação mais agressiva, especialmente o mercado de juros. Continuo vendo o movimento como extremamente técnico. Os últimos dias mostraram um mercado excessivamente aplicado em juros, posição que parece ter sido diluída ao longo deste começo de semana. A curva ontem mostrou um prêmio que já não se via há alguns meses, o que acabou trazendo fluxo novo ao mercado. Como comentei incessantemente ontem, o mercado de juros será determinado, de agora em diante, pelo movimento do câmbio. Este, por sua vez, irá depender do cenário externo, e do quadro político local. Acredito que haja espaço para a diferenciação dos ativos locais em relação a seus pares externos, mas para isso a pesquisa Ibope desta quinta-feira precisa mostrar um quadro favorável a oposição. O recente escândalo da CPI da Petro pode ser um motivo razoável para um movimento nesta direção.

Posições – No Brasil, gosto da barriga e da parte longa da curva de juros para um eventual movimento de mudança política. As ações das estatais, Petro e BB, também me parecem posições interessantes. O BRL pode ser usado como hedge para a posição, já que mantenho um viés de dólar forte no mundo. No cenário externo, tenho ganhado convicção no Long USD. Continuo gostando de posições tomadas na curva de 2 a 3 anos de juros nos EUA. A despeito dos movimentos recentes dos mercados, as vols de várias classes de ativos ainda me parecem baixas para um ambiente a cada dia mais desafiador. Long Vols devem ser considerados em qualquer portfólio n. As bolsas globais ainda me parecem frágeis, e irão depender da sustentação, ou não, de pontos técnicos importantes nos próximos dias. Caso tenhamos a confirmação dos atuais suportes, podemos estar diante de uma "oportunidade de compra". Caso o suporte não se sustente, podemos ter uma correção mais acentuada destes mercados. Ainda acho cedo para uma visão clara, e acredito que a melhor postura, por hora, seja estar fora deste mercado, apenas observando como irá ser sua dinâmica nos próximos dias.

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