Juros Brasil

Os últimos dias foram de pânico para o mercado local de juros. Na minha visão, um claro movimento técnico onde, por um lado, o mercado tomou posições, a valor de face, de que o próximo passo do BCB seria um movimento de corte de juros e não mais a continuidade do ciclo de alta. Por outro lado, vimos um BCB firme na Ata do Copom, e sinalizações claras, através da mídia e de discursos oficiais, de que o “plano de voo” são juros estáveis no horizonte relevante de tempo, o “foward guiance” de Tombini. Contudo, foi ventilado na mídia na última semana que ainda existe o risco de que, uma depreciação cambial mais acentuada do câmbio, poderia levar a mais um movimento de alta da taxa Selic.

Onde estamos neste momento?
Crescimento pífio e sem sinais de sustentação. Contas fiscais com dinâmica apavorante. Inflação corrente mais branda, mas um cenário prospectivo ainda ruim. Contas externar contidas, mas em grande parte financiadas por fluxos especulativos através de investimentos em papéis de renda fixa e renda variável.

Neste ambiente, o mercado de juros pode ter se colocado em um cenário, assim como a bolsa e o câmbio, em que as eleições de outubro irão ser determinantes para os próximos passos do BCB. Parece certo dizer que, até outubro, na ausência de uma crise externa mais aguda, nada acontece do ponto de vista de política monetária interna.

O que a curva de juros nos apresenta?
Até alguns dias atrás, o mercado já embutia juros estáveis e, até mesmo algum prêmio de queda de taxas, até o começo de 2016. Esta precificação se alterou rápida e bruscamente nos últimos dias. Hoje já vemos cerca de 100bps de alta de juros até 2016. O que me parece um prêmio razoável para o atual ambiente econômico descrito acima.

Se o próximo governo for liderado pela oposição, diria que assimetria dos atuais preços seja para baixo, já que a apreciação do câmbio, e o potencial ajuste fiscal que será efetuado, serão suficientes para ajudar o trabalho da taxa Selic. Em um eventual novo mandato de Dilma, no entanto, caso o câmbio acabe fazendo um movimento maior de depreciação, irá levar o BCB a retomar o processo de alta de juros, e 100bps podem não ser suficientes para segurar as expectativas.

Em suma, o mercado de juros irá ser determinado pela direção e pelo tamanho do movimento do BRL. Este, por sua vez, será determinado pelo cenário externo e pelo cenário eleitoral. Ainda estou confiante no avanço da oposição nas pesquisas. Neste ambiente, prefiro a "barriga" e a parte longa da curva, mas sempre buscando hedges para um eventual movimento externo mais relevante. Gosto de Long USD versus uma cesta de moedas, posição tomada em juros EUA entre 2 e 3 anos e compra de vols.

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