Risk-Off

Os mercados globais tiveram um dia de movimentos bruscos e muito técnicos. Vários ativos encontra-se em pontos técnicos/gráficos extremamente importantes. A falta de liquidez do verão no hemisfério norte ajudou a piorar o quadro.

Para tornar o cenário ainda mais desafiador, teremos um vácuo de agenda econômica nos EUA, sem dados relevantes até a semana que vem. Este ambiente irá deixar os ativos de risco a mercê deste pano de fundo técnico e de fluxos pontuais. Tendo a acreditar que o estrago técnico já tenha acontecido e podemos ter um período um pouco mais conturbado nos próximos dias/semanas.

O pano de fundo de maior incerteza de política monetária por parte do Fed, por mais que o gradualismo seja mantido, deverá ser o principal driver deste movimento. Vale lembrar que o QE irá acabar em outubro, em menos de 3 meses. Outros argumentos podem ser usados, como os problemas na Rússia e no Oriente Médio, mas a postura do Fed será determinante neste processo. Ainda não acredito que iremos "perder parâmetros" como ocorreu no "tapering" do ano passado, mas com os ativos de risco ainda em preços inimagináveis a 6 meses atrás, com uma posição técnica ruim, e as vols nos níveis mais baixos da história, não podemos descartar movimentos maiores de correção. Neste momento, todo cuidado é pouco.

Nos atuais níveis, acredito que o USD seja o ativo mais atrativo para surfar este cenário. Continuo gostando do tomado em juros EUA, mas nos vértices de 2 a 3 anos, já que os longos podem ser favorecidos pelo “fly to quality”. Os ativos emergentes, especialmente juros e câmbio, devem ter de lidar com um vento menos a favor de agora em diante.

Também gosto de posições compradas em vols de USD e US Rates. Calls de USD me parecem as mais interessantes. As puts de US Equities ainda são historicamente baratas, mas o cenário de médi-prazo para está classe de ativos ainda me parece razoavelmente positivo com crescimento em recuperação, inflação baixa, e Fed em um processo apenas gradual de normalização monetária. Apenas os níveis que podem parecer excessivos.

No Brasil, não devemos ficar imunes a este movimento, como o price-action dos últimos dias tem mostrado. Contudo, o cenário eleitoral pode levar a uma diferenciação dos ativos locais. No atual cenário, continuo vendo a bolsa, e Petro e BB, em especial, como os principais veículos para se posicionar em uma potencial mudança política interna. O flattening da curva de juros, e plays relativos em moedas, também podem ser considerados. Para aqueles menos confiantes em uma vitória da oposição, os ativos locais devem seguir o humor externo. O discurso de Tombini no Congresso manteve o mesmo tom da Ata, do discurso do Awazu, e do que vem sendo ventilado na mídia nos últimos dias (vide e-mail Juros Brasil). Acredito que o cenário base sejam de juros estáveis até as eleições. Depois de outubro, o câmbio e, consequentemente, o cenário político, ditarão o rumo dos ativos locais.

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