Eleições no Brasil, Economia Americana e riscos geopolíticos

O final de semana foi de relativa tranquilidade no campo externo, mas com novos desenvolvimentos no que promete ser uma acirrada batalha eleitoral no Brasil.

No Oriente Médio, Israel e Hamas acordaram em mais uma tentativa de cessar fogo por 72 horas. Todas as demais tentativas foram frustradas pela continuidade dos bombardeios do Hamas a Israel. No Iraque, Obama garantiu que não enviará tropas ao país. Os EUA devem manter a ajuda humanitária e bombardeios aéreos esporádicos, na tentativa de enfraquecer o grupo extremista ISIS que domina parte do país. Na Ucrânia, o final de semana não trouxe fatos novos, mas fechamos a semana passada com uma indicação de que a Rússia estaria disposta a recuar das fronteiras e negociar uma solução de longo-prazo para o país.

A semana que vem traz uma agenda econômica muita mais recheada do que a semana que passou. Contudo, por outro lado, os ruídos geopolíticos parecem estar se estabilizando. Nos EUA teremos JOLTs Job Openings, Retail Sales, Jobless Claims, PPI e Industrial Production. No Brasil, o foco deverá se manter nas pesquisas eleitorais, enquanto a agenda econômica terá como destaque as Vendas no Varejo e o IBC-Br. Finalmente, na China, destaque para os dados de atividade econômica ao longo da semana.

Brasil – Me atrevo a dizer que a corrida eleitoral começou de fato este final de semana e deverá ganhar corpo nos próximos dias. Os principais candidatos estão ganhando mais tempo de mídia nos principais veículos de comunicação do país e, a partir de amanhã, teremos uma série de entrevistas no Jornal Nacional com os principais candidatos a presidente. Além disso, teremos um batalhão de pesquisas sendo coletadas e divulgadas nos próximos dias. No tocante a “guerra eleitoral”, o governo PT parece ter tido importantes derrotas ou, no mínimo, alguns graves problemas de imagem, desde sexta-feira. Além do problema com as biografias de jornalistas críticos ao governo, tivemos a Polícia Federal abrindo investigação contra Graça Foster, a capa da revista Veja com a contadora do doleiro Alberto Youssef incriminando PT, PMDB e PP e, finalmente, os rumores de que Youssef e Paulo Roberto Costa, ambos presos e relacionados aos escândalos da Petrobras, estariam dispostos a fazer um acordo de delação premiada, que poderia atingir em cheio a cúpula dos partidos governantes. Neste ambiente, me parece claro que o cenário externo, mas principalmente, as eleições, darão a dinâmica dos mercados locais ao longo dessa semana.

EUA – Os fortes dados de atividade e emprego divulgados na semana passada acabaram ficando a sombra dos problemas geopolíticos globais. A economia americana continua dando sinais cada vez mais claros de recuperação e a agenda desta semana será mais uma oportunidade nesta frente. O Fed deverá manter sua postura gradualista na condução de sua política monetária, mas será reativo ao cenário econômico no tocante ao timing e a velocidade do processo de ajuste de juros.

China – Os dados de atividade desta semana devem mostrar uma economia crescendo em torno de 7%, sem grande aceleração do crescimento. Por outro lado, o governo chinês continua com sua postura de adotar medidas, pontuais e localizadas, a fim de dar suporte a setores específicos da economia, com o objetivo de manter o crescimento estável em torno de 7,5%. Como podemos ver abaixo, no comentário da Barclays, anunciaram novas medidas nessa linha no final da semana passada. Acredito que o “policy maker” chinês esteja mostrando, de maneira cada vez mais clara, sua disposição em manter um crescimento relativamente estável e saudável em torno de 7,5%. O cenário para a economia da China continua sendo ciclicamente mais construtivo, com o governo adotando uma postura mais clara e transparente de leve expansão monetária, mesmo que pontual e localizada. On the evening of 8 August, the PBoC announced more selective easing measures via rediscounts. The central bank said that it will give a CNY12bn rediscount quota to PBoC local branches, which will be used to encorage bank lending to small business and the agriculture sector. The move is expected to help to lower funding costs of the targeted sectors, consistent with our view that lowering financing costs remains a priority. The current rediscount rate is at 2.25%, 375bps lower than the 1y lending rate. According to the PBoC, bankers' acceptance issued by small business or has a value of under CNY5 million has a priority to use the rediscount quota.Rediscounts and relending are traditional monetary policy tools to inject liquidity into the banking system. Rediscounting is a practice in which banks discount a bankers' acceptance for a second time with the PBOC in exchange for liquidity. These tools were seldom used in the past few years because China has been facing large capital inflows amid currency appreciation and a property bubble. We note that the last time rediscounts were used was in December 2008, when the PBoC added a rediscount quota of CNY34.6bn to 16 provincial branches. With changing capital flow patterns, the PBoC is expected to use more of these tools, including the PSL to inject liquidity and lower financing costs for target sectors. (From Barclays)

Europa – Do ponto de vista econômico, a região é a maior fonte de preocupação hoje. O crescimento vem decepcionando mês após mês e até mesmo a Alemanha, que vinha sendo o único pilar de sustentação do crescimento da região, mostra sinais de fadiga. O Banco Central Europeu está confortavelmente em compasso de espera após as medidas adotadas no começo do ano. Contudo, precisa mostrar proatividade e disposição em adotar medidas novas, e não convencionais, afim de evitar um cenário mais negativo para a região. Acredito que Draghi e Cia. tem essa disposição e irão mostra-la nos próximos meses, mas podem pecar pela espera excessiva.

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