China em Foco

A despeito da surpresa negativa dos dados de atividade econômica e crédito de julho, na China, os ativos de risco operam com humor mais positivo essa manhã, especialmente com uma alta das bolsas globais, lideradas por Europa e Estados Unidos. A agenda do dia será mais agitada do que o que vimos no começo da semana, com destaque para o Retail Sales nos EUA.

Brasil – O mercado continua em compasso de espera para uma nova rodada de pesquisas eleitorais, sem novidades relevantes do ponto de vista econômico. A direção dos mercado de renda variável, câmbio e juros será proporcionalmente ligada a diferença nas intenções de voto em cada candidato a presidente. É importante verificar a probabilidade de ocorrência de um segundo turno, além da diferença entre Dilma e Aécio, e Dilma e Campos, em um eventual segundo turno. A campanha eleitoral começou com força total essa semana, com a mídia voltando suas atenções para os candidatos com maior percentual de intenções de voto, o que deveria tornar a oposição um pouco mais conhecida.

China – Os dados de crédito e de crescimento de julho surpreenderam negativamente as expectativas do mercado. Com as novas concessões de créditos ficando em CNY$ 385B, muito baixo das expectativas de CNY$ 780B. O M2 recuou de 14,7% YoY para 13,5% YoY, abaixo do cosenso de 14,4%. O Retail Sales caiu de 12,4% YoY para 12,2% YoY, com a Industrial Production saindo de 9,2% YoY para 9,0%  YoY e, finalmente, o Fixed Asset Investment caindo de 17,3% YoY para 17,0% YoY. Os números levemente mais fracos certamente acendem uma luz amarela em torno da recuperação da economia chinesa, que se mostra frágil e ainda sem sinais de consolidação. Por outro lado, estes indicadores deixam espaço para que o governo continue adotando medidas, pontuais e localizadas, de suporte ao crescimento, com uma postura mais proativa e agressiva, como temos observado nos últimos meses. Em suma, os números devem ser considerados negativos. O cenário de curto-prazo ainda deve ser sustentado pelas medidas de suporte ao crescimento implementadas pelo governo. Contudo, o país apresenta enormes e crescente problemas estruturais que tornam o cenário de longo-prazo extremamente desafiador.

EUA – O JOLTS Job Openings divulgado ontem atingiu o maior patamar dese 2001, confirmando a recuperação da economia e, principalmente, do emprego no país. O cenário para a economia americana continua bastante positivo, já que a recuperação econômica ainda não está gerando problemas graves de inflação, o que permite ao Fed manter uma postura de gradualismo na condução de sua política monetária. Acredito que o acumulo de dados positivos no país será suficiente para alterar, gradativamente, o discurso e a postura do Fed. Com o QE terminando em outubro, o timing e a velocidade do processo de alta de juros deverá entrar no radar do mercado.


Europa – A produção industrial da Área do Euro decepcionou as expectativas do mercado, apresentando queda de 0,3% MoM, muito abaixo das expectativas de alta de 0,4% MoM em junho. A situação do crescimento da região demanda cautela. O espaço para o Banco Central Europeu se manter estático parece estar se reduzindo a cada novo dia. Assim, novas medidas de suporte ao crescimento deverão ser adotadas nos próximos meses, mantendo o EUR sobre pressão e as taxas de juros locais bem ancoradas.

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