Cenário Externo vs Cenário Interno
A trágica morte de Eduardo Campos
ontem acabou deixando de lado os acontecimentos globais. No cenário externo,
estamos observando uma clara e consistente recuperação das bolsas globais,
lideradas pelo argumento de que estamos diante de um cenário de crescimento
saudável, sem pressões inflacionárias aparentes (especialmente no mundo
desenvolvido) em que os principais bancos centrais do mundo devem permanecer
com postura bastante expansionista pelo horizonte de tempo relevante. Nem mesmo
as surpresas negativas de crescimento na China ontem, e o fraco PIB dos países
da Europa, divulgados hoje, foram capazes de reverter está dinâmica de mercado.
Me chama a atenção a manutenção dos juros dos países desenvolvidos nos
patamares mais baixos do ano e, em alguns casos, como na Europa, nos menores
patamares da história, o que está claramente dando suporte aos ativos de risco.
O USD, por sua vez, tem mostrado “maturidade”, tendo encontrado um piso mais
alto do que o anterior e mostrando uma leve tendência de fortalecimento.
A agenda do dia tem como destaque as
vendas no varejo de junho no Brasil e o Jobless Claims nos EUA.
Brasil – Vide
e-mail enviado ontem sobre o quadro político local. As vendas no varejo de hoje
podem ajudar a ditar a dinâmica de curto-prazo do mercado de juros, mas o foco
permanecerá no ambiente político e nos próximos passos que serão tomados pelo
PSB e por Marina Silva. Tendo a acreditar que a entrada de Marina como
candidata na disputa a Presidente eleva as chances de segundo turno, seja entre
Dilma e Aécio, ou seja entre Dilma e Marina. Do ponto de vista econômico,
acredito que Mariana tem um discurso muito próximo aquele de Aécio Neves. Além
disso, está cercada de economistas ortodoxos e pro-mercado. A dificuldade
política de governar o país seria grande, mas certamente seria um cenário
melhor do que o atual.
EUA – As vendas no varejo divulgadas ontem surpreenderam as expectativas do
mercado para baixo, mostrando um quadro de consumo
apenas moderado e pífio. Não acredito que o número altere o cenário de
crescimento do país, mas mostra como existe amplo espaço para o Fed manter sua
postura cautelosa e gradualista na normalização da política monetária do país.
O foco do dia ficará por conta do Jobless Claims.
Europa – O PIB do 2Q na Área do Euro surpreendeu as expectativas do mercado,
mostrando estabilidade da economia, contra expectativas de alta de 0,1% QoQ. NA
Alemanha, a economia mostrou queda de 0,2% QoQ, abaixo das expectativas de
queda de 0,1% QoQ e na França a economia ficou estagnada, contra expectativas
de alta de 0,1% QoQ. Ainda na Área do Euro, o CPI de julho, em sua leitura
final, apresentou alta de 0,4% YoY, dentro das expectativas do mercado. O pano
de fundo de baixo crescimento e baixa inflação é evidente e não mostra qualquer
sinal de reversão. Assim, o Banco Central Europeu deve ser levado a tomar novas
medidas de suporte ao crescimento nos próximos meses a fim de evitar um cenário
mais tenebroso de “japanização” da Europa.
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