Watching Global Growth...
Mercados & Cenário:
O destaque da manhã fica por conta do fechamento de taxas das Treasuries e dos demais países desenvolvidos na Europa. As commodities operam em queda. O movimento é uma continuidade daquele verificado ao longo da quarta-feira. O AUD também opera pressionado, após dados de “capex”/investimentos abaixo das expectativas do mercado.
Nas últimas semanas observamos sinais de acomodação do crescimento global. Até o momento, vejo este movimento como natural neste estágio do ciclo econômico. Contudo, a queda recente do PMI Manufacturing na China acendeu um sinal amarelo no meu cenário e merecerá atenção nos próximos dias/semanas.
Com muitos ativos de risco ainda em níveis de “valuations” pouco atrativos (ou menos triviais), sinais mais concretos ou coordenados de desaceleração global não seriam bem recebidos pelos mercados. Por ora, reforço que este ainda é um cenário alternativo. A desaceleração ainda me parece pontual e normal para este estágio do ciclo econômico. Os indicadores continuam em níveis sólidos e condizentes com um crescimento global saudável. Contudo, por vezes, o mercado pode reagir, mesmo que pontualmente, a variações no “delta”, na margem, do crescimento.
Mantenho uma visão mais cautelosa no curto-prazo no tocante aos ativos de risco, mas com a consciência de que a divulgação do Core PCE nos EUA pode dar o tom da dinâmica dos mercados financeiros globais nos próximos dias. O mercado já espera uma alta de 0,3% MoM, que é considerada elevada para os padrões históricos do indicador.
Ontem comentei de maneira mais detalhada sobre os últimos acontecimentos no mercado de renda fixa dos EUA, que merecem atenção nos próximos dias, como eventuais oportunidades, ou como sinalização de um cenário mais desafiador pela frente. Vejam mais detalhes aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/02/us-fixed-income-in-focus.html.
Agenda:
A agenda de amanhã traz O PIB do Brasil como destaque local. Nos EUA teremos o Core PCE e o ISM Manufacturing como foco do dia.
Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais:
Na Coréia do Sul, as exportações dos primeiros 20 dias de fevereiro mostram um quadro de relativa estabilidade do crescimento do país. As exportações da Coréia são vistas como uma “proxy”, ou um termômetro, da economia global, dado a corrente de comércio elevada do país e as características da economia coreana. Segundo a Goldman Sachs:
February headline exports slowed to 4.0% yoy, down from 22.3% yoy in the previous month, but better than consensus expectations of 0.5% and our above-consensus forecast of 1.5%, on acceleration in exports towards end of the month following the Lunar New Year holidays. Sequential momentum weakened to -0.8% mom sa, the first sequential decline since Oct 2017, but the 3m/3m momentum improved to +1.6% from a marginal decline of -0.3% in the previous month. Imports moderated to 14.8% yoy, narrowing the trade surplus slightly to US$3.3bn.
Na Austrália, os números de “capex”/investimentos ficaram abaixo das expectativas do mercado. A economia do país mostra um desempenho claramente inferior aos seus pares nesta fase do ciclo econômico, o que vem permitindo que o RBA mantenha uma política monetária mais frouxa por mais tempo. Segundo o Citibank:
- Private sector capital expenditure fell by 0.2% in Q4, below the market consensus estimate and Citi’s 1.0% forecast. On a yearly basis, capex growth actually accelerated to 4.0% but only because of a weaker base effect from falling capex in Q4 2016. Mining capex returned to quarterly negative growth, falling by 4.7% while other selected industries (services and construction) posted a fifth consecutive gain, increasing by 1.7% (Figure 2 again). Manufacturing rose 2.6%. In total non-mining capex increased by 1.7%, but this is below the average for all other quarters in 2017 of 2.7%.
- Capex gains was across fewer industries and states. Chain volume data for the detailed industry breakdown isn’t available, but current price data showed capex gains concentrated in only a few services sectors such as utilities, finance and insurance, real estate and transport, postal and warehousing. Falls were recorded in wholesale and retail trade, construction, IT and telcos, professional, scientific and technical services and other selected services. In addition, there was a geographical narrowing of capex gains to NSW, VIC and QLD. SA, WA and TAS actual chain volume capex spending eased in Q4.
Visão:
Os dados econômicos divulgados nos últimos dias, assim como as Minutas do FOMC, em nada alteram nosso cenário base que vem sendo amplamente discutido neste fórum.
Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.
Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).
Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.
Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.
No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.
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