Libor-OIS, Treasury Curve and Cryptocurrencies.
Os ativos de risco iniciaram o dia em uma toada positiva (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/dados-positivos-na-china-retiram-mais.html), mas os ruídos envolvendo a administração da Casa Branca e os rumores
em torno de novas medidas com caráter protecionista acabaram, novamente,
afetando o humor global a risco. Enquanto este tema estiver no foco do mercado,
podemos esperar mais volatilidade e um mercado sem grandes tendências.
Medidas protecionistas costumam ser vistas como negativas para o
crescimento global (menor crescimento) e “positivas” para inflação (inflação
mais elevada). Esta combinação não é positiva, de maneira geral, para ativos de
risco.
Eu tenho pouca vantagem comparativa para ter convicção em que caminho
será tomado. O mercado parece trabalhar com o cenário central de que a postura
do governo dos EUA é apenas uma “jogada” de negociação em busca de termos
comerciais mais vantajosos para a economia americana. Esta postura acaba
gerando volatilidade de curto-prazo, mas não altera o destino final da
economia.
Contudo, caso este cenário central se mostre errada, e o governo dos EUA
opte por adotar medidas de fato mais agressivas, me parece haver amplo espaço
para uma reprecificação do cenário econômico global e, consequentemente, para
os ativos de risco.
Vale atentar aqui para alguns movimentos recentes, que não tem relação
com o que foi dito acima, mas merecem atenção especial:
1 – Forte “flattening” da curva de juros nos EUA;
2 – Forte abertura do spread LIBOR-OIS;
3 – Forte quedas das “cripto-moedas”.
Sobre o tema (1), parece um movimento usual próximo do final do ciclo
econômico de economias desenvolvidas. Muitos utilizam este sinal como um
indicador de recessão, mas outros afirmam que devido ao QE (e afins) o poder
preditivo da curva de Treasury foi reduzido drasticamente nos últimos anos.
Em relação a (2), parece um movimento técnico, de excesso de oferta de
papeis em meio a um cenário de emissões elevadas e reprimidas. Pelo menos este
é o consenso de mercado. Não parece, neste momento, haver o entendimento de que
a abertura deste spread seja um indicador mais preocupante de solvência do
mercado bancário dos EUA, como foi na crise de 2008.
Não tenho opiniões forte sobre (3). Vimos declarações e movimentos
recentes na direção de reduzir a efetividade deste instrumento como meio de troca,
o que parece estar afetando o preço desta classe de ativo.
No Brasil, destaque para o
movimento de “flattening” da curva de juros. Este é um movimento normal/natural
em períodos de fim do ciclo de queda de juros. Como o cenário prospectivo
aponta para uma inflação baixa e comportada, achamos natural que os juros
locais fiquem mais baixos por mais tempo. Exatamente por isso, temos favorecido
os vértices mais longos da curva real de juros já há algum tempo (vide
comentários adicionais na seção abaixo).
Dados
econômicos:
Nos EUA, as vendas no varejo
ficaram abaixo das expectativas e o PPI acima do esperado. As vendas no varejo
levaram o mercado a revisar para baixo as expectativas para o PIB do primeiro
trimestre do ano.
Ainda não vejo motivos para mudar o cenário base de um crescimento
sólido da economia dos EUA ao longo deste ano. Contudo, os dados recentes
apontam para um crescimento mais fraco do que o previsto e uma inflação que
mostra sinais mais consistentes de elevação. Está combinação não costuma ser
positiva para ativos de risco. Por ora, contudo, as magnitudes ainda não
merecem uma reavaliação substancial do cenário base, apenas ascendem um sinal
amarelo no cenário.
Agenda:
A agenda de amanhã terá o Empire Manufacturing, Philadelphia Fed,
Jobless Claims e o Import and Export Prices como destaque da agenda nos EUA.
Visão
& Posição:
Com a volatilidade implícita das moedas nos “pisos”
recentes, adicionamos no início da semana exposição (via opções) na
posição comprada em EUR, cujo o risco/retorno nos parece bastante atraente com
a vol implícita abaixo de 7%.
Voltamos a reduzir nossa exposição em bolsa no
Brasil ao longo da terça-feira, mas mantivemos a posição tática comprada em BRL
(vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção, após os dados do
mercado de trabalho nos EUA. Após o recuo recente das volatilidades implícitas
de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidades, e excelente
risco/retornos, em posições no mercado de opções.
No geral, não alteramos a nossa percepção de que
devemos manter um portfólio mais neutro, focado em posições e temas
específicos. O ano deverá trazer oportunidades de alocações mais táticas e
nossa visão de uma volatilidade média mais elevada deve favorecer o
posicionamento, em momentos específicos, no mercado de opções.
- Nossa maior alocação continua a ser voltada para
taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.
- Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém
vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas
e alavancagem relevante.
- Temos um pequeno hedge através de “puts”
(opções de venda) de S&P. Reestruturamos esta operação no início da
semana.
- No Brasil, seguimos com posição na parte longa da
curva de NTN-B.
- Estamos com uma pequena posição comprada em uma
carteira de ações voltada para o mercado doméstico no Brasil.
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