Cenário externo, novo Ministro da Fazenda e redução de compulsório.
Mercados & Cenário:
Os ativos de risco apresentam sinais de estabilização essa manhã, após uma quarta-feira ainda de pressão. A despeito da estabilização, neste momento, ainda há uma sensação de fragilidade nos mercados financeiros global. O dia de hoje e a segunda-feira após o feriado serão importantes para medirmos se a minha tese de que o final do trimestre está (estava) gerando fluxos pontuais que acabaram distorcendo o preço de algumas classes de ativos e alguns ativos específicos.
De qualquer maneira, ainda vejo vetores antagônicos que devem impedir uma direção muita clara dos ativos de risco no curto-prazo. Por isso, continuo favorecendo temas específicos de investimentos, posições relativas e uma postura mais tática.
Para não soar repetitivo, no meu comentário de ontem descrevi com mais calma esses vetores citados acima. Como não houve mudança substancial de cenário de ontem para hoje, recomendo a leitura do texto para maiores detalhes: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/risk-off_28.html.
No Brasil, Eduardo Guardia foi confirmado como novo Ministro da Fazenda com a saída de Henrique Meirelles, que irá se afastar do cargo para disputar as eleições de outubro. Tanto a saída de Meirelles como a entrada de Guardia eram esperadas e não deveriam trazer impacto aos ativos locais.
No final da tarde de ontem, o BCB anunciou uma redução de compulsório dos depósitos a vista e na poupança. A medida deve ser vista como positiva para o crescimento do país e reforça a postura de que o ciclo de queda da Taxa Selic está próximo do seu final, com uma probabilidade elevada de mais um corte de 25bps para 6,25% e a manutenção deste patamar por um período prolongado de tempo.
Para os mercados, a medida deveria favorecer o setor bancário/financeiros, além dos setores mais dependentes do crescimento doméstico, como consumo, shoppings e afins. A medida reforça a minha visão de maior espaço para parte intermediária e longa das curvas nominais e reais de juros em detrimento a parte curta da curva. Nos últimos dias vimos mais uma rodada de “steeping” da curva de juros em um movimento que entendo o racional porém discordo de seus argumentos. Assim, continuo favorecendo posições de flattening e aplicadas na parte mais longa das curvas nominais e reais.
Na minha visão, o cenário atual de inflação e crescimento é muito diferente daquele verificado em outros ciclos econômicos do Brasil. Assim, não acredito, pelo menos por ora, que o BCB esteja adotando uma postura errada ou excessivamente “frouxa”/”dovish”. Com o hiato do produto muito aberto, um crescimento gradual e uma inflação corrente e prospectiva baixas eu não vejo motivos, neste momento, de temer por um erro de política monetária, como vejo alguns de meus pares argumentando.
A China anunciou na tarde de ontem um pequeno corte de impostos. A medida deverá ter impacto limitado sobre a economia mas mostra de maneira um pouco mais clara como o governo pretende atuar de agora em diante. A despeito de um postura de maior aperto monetária e de uma meta fiscal mais dura, a China continua atuando de maneira contra-cíclica, impedindo movimentos mais bruscos de sua economia.
Visão & Posição:
No inicio da semana reduzimos substancialmente a posição comprada em EUR e JPY mas mantivemos a posição vendida em AUD. Ontem reduzimos nossa venda de EUR e aumentamos marginalmente nossa compra de JPY. Estamos sem posição estrutural vendida em S&P mas operando taticamente na venda deste ativo em momento oportunos.
Iniciamos uma pequena posição vendida em dólar e comprada em BRL (Real) via estrutura de opção para o final de abril. Aumentamos a posição ao longo da semana a despeito da dinâmica ruim. Acreditamos que a moeda local deveria operar em um range entre 3,10-3,35 no curto-prazo. Vemos as contas externas do país como saudáveis e um cenário cíclico bastante positivo, o que deveria favorecer a apreciação da moeda. Contudo, entendemos que o carrego hoje seja muito pior do que no passado, o que tem favorecido a utilização da moeda como hedge para outras posições. Além disso, entendemos que existe um vetor global que costuma a dar o tom no mercado de moedas. Finalmente, por estarmos no final de um trimestre mais positivo para o setor corporativo, vemos fluxos de saída de recursos do país como um vetor pontual que possa estar impedindo o bom desempenho da moeda. Está pressão poderia arrefecer após o final deste mês. De qualquer maneira, nos atuais níveis (3,31-3,32) vemos o risco/retorno como favorável para testarmos uma posição como esta no mercado de opção cuja vol implícita não nos parece esxcessiva (10,5%-11%).
Além disso, começamos a montar uma pequena posição de “flattening” da curva de juros no Brasil. Aumentamos a posição ontem Nosso cenário de juros mais baixos por mais tempo contempla uma curva menos “steep” do que a atual. Como o BCB ainda está em um ciclo de corte de juros e seus destino final ainda é incerto, estamos montando a posição de maneira gradual e parcimoniosa.
- Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva. Estamos optando por estruturar as operações via opções longas, dado a volatilidade baixa e uma postura mais defensiva diante dos riscos de curto-prazo.
- Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante.
- Na sexta-feira, zeramos nosso pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Continuamos achando que o S&P deve permanecer em uma banda entre 2.500-2.800 no curto-prazo.
- No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B. Algumas opções “fora do dinheiro” se favoreceram da surpresa do comunicado do Copom.
- Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico. A posição é hoje muito inferior ao que era no final de 2017 e começo de 2018.
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