Trade War!

Mercados & Cenário:
Os ativos de risco reagiram de forma negativa ao anuncido feito por Trump ontem de que irá impor tarifas elevadas de importações para produtos como Aço e Alumínio. Se confirmada, as declarações de Trump irão delinear um cenário extremamente complicado e perigoso para a economia dos EUA.

Estaremos convivendo com uma economia no pleno emprego (o Jobless Claims divulgado ontem não deixa dúvida disso), com o hiato do produto fechado (as pressões inflacionárias são cada vez mais evidentes). Neste pano de fundo, o Governo Americano aprovou uma Reforma Tributária em que reduziu substancialmente os impostos e levará a um aumento expressivo do déficit fiscal e a um aumento do déficit em conta corrente. Para encerrar este ambiente, o Governo ainda estuda um Pacote de Infraestrutura, o afrouxamento da regulação bancária visando o estímulo ao crédito e, agora, começa a adotar medidas protecionistas, visando o estímulo a economia doméstica.

De maneira geral, este pano de fundo costuma não chegar em um destino positivo. Como já comentei neste fórum no passado, Trump parece estar seguindo a mesma cartilha adotada nos dois Governos de Dilma no Brasil. Nós, como Brasileiros, devemos saber onde isso chegou.

Nosso portfólio (mais detalhes abaixo) já estava preparado para este ambiente, e estamos apenas ajustando ativamente os instrumentos e tamanhos das posições. Além da compra de JPY e venda de AUD adicionamos uma compra de EUR no portfólio. Seguimos taticamente vendidos em S&P e estruturalmente tomados em juros.

No Japão, o BoJ declarou que pode começar um processo de normalização monetária no ano fiscal de 2019, o que está dando suporte ao JPY neste momento. Além disso, vimos a divulgação de dados extremamente robustos do mercado de trabalho, com a Taxa de Desemprego caindo de 2,8% para 2,4%, muito abaixo das expectativas. Os números de inflação da região de Tókio também surpreenderam para cima o consenso do mercado.

O Brasil continua seguindo o humor global a risco, mas o cenário cíclico mais positivo está ajudando com que o “beta” dos movimentos seja muito menor do que no passado.

Agenda:
A agenda do dia será relativamente esvaziada. No final de semana, as eleições na Itália serão o foco do mercado. Hoje, o consenso aponta para um resultado misto, que não traria grandes mudanças no quadro político do país. O risco fica por conta do crescimento dos partidos radicais, que poderiam formar um bloco de controle maior e dominar o país. As consequências para os ativos de risco poderiam ser desastrosas no curto-prazo.

Dados econômicos, Notícias e Bancos Centrais:
No Brasil, o pIB do 4Q17 ficou abaixo das expectativas do mercado, com crescimento de 0,1% QoQ. A despeito da surpresa negativa, o número não latera o cenário de uma recuperação gradual do crescimento do país.

Nos EUA, O ISM Manufacturing atingiu um novo pico para este ciclo econômico, com uma abertura da mesma forma positiva. A despeito das surpresas recentes em alguns indicadores, os sinais são de uma economia que ainda cresce a taxas robustas.

O Jobless Claims caiu ao menor nível desde 1969. O número mostra um mercado de trabalho em ebulição, no pleno emprego.

Visão:
Adicionamos uma posição comprada em EUR para compor o portfólio externo que já era comprado em JPY e vendido em AUD. Utilizamos o mercado de opções, onde vemos a volatilidade implícita em níveis atrativos.

O cenário de déficit fiscal e déficit nas contas externas deverá favorecer o enfraquecimento do dólar contra as moedas de países desenvolvidos. Os problemas domésticos na Austrália, aliados aos ruídos de um política externa mais combativa do Governo Trump deveria favorecer o enfraquecimento do AUD.

Mantenho a visão de que estamos em uma fase próxima ao final do ciclo econômico nos EUA, momento em que a inflação começa a aparecer. Tenho dúvidas, contudo, se o ciclo é capaz de durar mais 3 a 6 meses, ou mais 12 a 18 meses. Por isso, tenho favorecido um portfólio mais neutro, com a busca constante por hedges e posições descorrelacionadas. Não acredito que seja o momento de manter posições direcionais elevadas na parcela “Long Risk”,/“Long Risk-On” tampouco seja o momento de manter um portfólio mais “Short Risk”/”Long Risk-Off”.

Como já comentei aqui nas últimas semanas, acredito que o ano será de “corridas de 100m” e não de uma “maratona”. A postura tática será ainda mais importante, assim como a escolha ideal das classes de ativos e dos instrumentos (acho que será um ano de muita utilização do mercado de opções, por exemplo).

Acredito que exista espaço para o mercado “comprar a ideia” de que os fundamentos dos mercados emergentes hoje são mais sólidos, os “valuations” mais atrativos e a posição técnica menos comprometida, o que pode favorecer está classe de ativos em detrimentos aos ativos de países desenvolvidos. Isso pode durar enquanto houver um crescimento global sólido. O cenário só irá “virar” de fato para um ambiente mais direcionalmente negativo quando o aperto da liquidez global for forte o suficiente para transformar o ciclo de crescimento na nova fase do ciclo econômico, de desaceleração. Enquanto isso, mantereu uma postura mais neutra.

Mantenho um pequeno portfólio comprado em NTN-B e Bolsa no Brasil. Venho mantendo postura tática no BRL, buscando a venda do dólar em momentos específicos e via estruturas de opção com perdas limitadas.

No portfólio externo, nossa posição “core” ainda é tomada em juros longos nos EUA. Estamos taticamente vendidos em AUD e em S&P via opção. Após as Minutas do FOMC, retornamos a posição comprada em JPY.


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