Tarifas, PMI fraco na Europa e surpresa no Copom,

Os ativos de risco estão abrindo essa manhã sobre pressão, com destaque para a queda das bolsas e o fechamento de taxa de juros no mundo desenvolvido. Vejo duas explicações para estes movimentos.

Primeiro, a mídia continua circulando a informação de que o Governo dos EUA ira anunciar, ainda está semana, cerca de US$50bi em tarifas, em cerca de 100 produtos chineses, com o intuito de forçar a China a “melhorar” (segundo as palavras de Trump) as relações comerciais entre os dois países. Esta medida seria um passo a mais no projeto de Trump em busca de relações bilaterais que visam favorecer a economia interna dos EUA. De maneira geral, medidas protecionistas, ou “guerras comerciais”, tendem a ser baixistas para o crescimento e altistas para a inflação. Por ora, a China e os demais parceiros comerciais dos EUA têm adotado um tom conciliador e visando o diálogo. Caso este pano de fundo se altere, poderemos ter um cenário muito mais desafiador para a economia mundial e os mercados financeiros globais.

Segundo, essa manhã vimos um arrefecimento, uma queda acima das expectativas, dos PMIs na Europa. A despeito de permanecerem em níveis elevados e condizentes ainda com um crescimento saudável, o mercado poderá começar a questionar o real ímpeto do crescimento e se, de fato, já não passamos do melhor momento da economia global. Por ora, ainda me parece cedo para termos conclusões a este respeito e a economia mundial continua a me parecer saudável. Contudo, entendo que este tipo de questionamento poderá surgir à medida que o ciclo econômico se estenda.

Na China, o PBoC anunciou uma alta de 5bps na sua taxa de juros, seguindo o movimento do Fed. A medida era amplamente esperada.

No Brasil, o Copom anunciou um corte de 25bps na Taxa Selic para 6,5%, como era esperado pelo mercado. Contudo, ao contrário da minha expectativa, e da expectativa do mercado, o comunicado após a reunião sinalizou para uma elevada probabilidade de mais uma queda de 25bps na próxima reunião do Copom, o que levaria a Taxa Selic para uma nova mínima de 6,25%.
Acredito que a postura do BCB não será questionada pelo mercado, como no passado, pois existe sim um pano de fundo de inflação extremamente baixa e hiato do produto muito aberto que justifica esta queda na taxa de juros e sua manutenção em patamar baixo por mais tempo.

Acredito que o mercado irá reagir hoje com forte fechamento de taxa na parte curta da curva, ao contrário do que comentei neste fórum ontem, e um steepening da curva. De qualquer maneira, reforço que vejo espaço para a compressão dos prêmios na parte intermediária e longa da curva de juros no país, já que os FRA´s a partir de 2019 me parecem excessivamente elevados (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/copom-curva-de-juros.html). Acho razoável vermos uma over-performance, na bolsa, dos setores mais ligados a economia domestica e sensíveis a juros em detrimento aos setores mais globais e cíclicos. Nossa carteira está construído exatamente dentro desta prerrogativa.

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