Trade War and Italian Election.
Mercados & Cenário:
A mídia internacional voltou o seu foco no final de semana para os eventos recentes nos EUA, em especial para as declarações de Trump de que irá impor tarifas elevadas de importação para o Aço e o Alumínio. Comentei isso na semana passada e reafirmo minha visão (mais detalhes abaixo/ https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/03/trade-war.html).
A China, por ora, está adotando um tom mais conciliador, buscando o diálogo e evitando um conflito retórico mais duro (https://www.ft.com/content/db0106f8-1f7f-11e8-a895-1ba1f72c2c11). Se isso mudar, a situação pode ficar um tanto quanto mais complicada e negativa. A Europa e o Canadá adotaram um tom retórico mais duro, mas parecem ter um poder de barganha menor do que a China.
Na Alemanha, Merkel conseguiu o apoio de coalização para mais um governo, o que era de certa forma esperado e reduz um “risco de cauda” do cenário europeu. As eleições na Itália estão acontecendo neste momento e a apuração de votos terá início às 19h00 no horário de Brasília.
No Brasil, o Estadão traz notícia de que O MDB do atual presidente Michel Temer poderia apoiar Henrique Meirelles, atual Ministro da Fazenda, para vice-presidente da chapa de Geraldo Alckmin, do PSDB, nas eleições de outubro. Por ora, são apenas rumores. Se confirmado, daria a chapa de Alckmin muito tempo de TV e mídia, bastante exposição, além de toda a “maquina” do governo a seu favor, o que nesta eleição, em especial, poderá ter um enorme impacto no resultado oficial.
Voltando ao tema do início deste texto, estamos convivendo com uma economia no pleno emprego nos EUA (o Jobless Claims divulgado na última semana não deixa dúvida disso) e com o hiato do produto fechado (as pressões inflacionárias são cada vez mais evidentes). Neste pano de fundo, o Governo Americano aprovou uma Reforma Tributária em que reduziu substancialmente os impostos e levará a um aumento expressivo do déficit fiscal. As contas externas já apresentam um quadro de déficits elevados. Para encerrar este ambiente, o Governo ainda estuda um Pacote de Infraestrutura, o afrouxamento da regulação bancária visando o estímulo ao crédito e, agora, começa a adotar medidas protecionistas, visando o estímulo à economia doméstica.
De maneira geral, este pano de fundo costuma não chegar a um destino positivo. O protecionismo recente costuma trazer menos crescimento e mais inflação, um “coquetel” que costuma ser muito negativo para os ativos de risco.
Levando em conta o ponto de partida de preços, valuations e posição técnica, além do pano de fundo econômico, a cofirmação do cenário descrito acima pode levar uma depreciação conjunta dos ativos dos EUA, com o dólar (USD), as bolsas e os títulos de dívida (bonds)do país em queda.
Este cenário descrito acima deverá centralizar o debate de curto-prazo. De maneira geral, contudo, como o crescimento global continua robusto e saudável, ainda fica difícil de vislumbrar um movimento mais consolidadamente negativo para os ativos de risco. Caso este vetor mude (para menor crescimento) o cenário poderá se tornar um tanto quanto complicado (negativo). Por isso, continuo favorecendo um portfólio mais neutro no curto-prazo, mas observando atentamente a evolução dos demais vetores econômicos. Estou me tornando cada vez mais angustiado com as evidências recentes.
Nosso portfólio (mais detalhes abaixo) já estava preparado para este ambiente e estamos apenas ajustando ativamente os instrumentos e tamanhos das posições. Além da compra de JPY e venda de AUD adicionamos uma compra de EUR no portfólio. Seguimos taticamente vendidos em S&P e estruturalmente tomados em juros. No Brasil, nosso portfólio está concentrado em NTN-Bs mais longas e com um portfólio de ações mais voltado para a economia doméstica.
Agenda:
As eleições na Itália terão um desfecho nesta madrugada. A semana traz como destaque os dados de emprego nos EUA.
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