Relatório Mensal de Asset Allocation & Fundo Multimercado Macro.


Cenário Econômico:

No Brasil o mês trouxe poucas novidades relevantes para o cenário. Vale a pena citar as surpresas ainda baixistas na inflação corrente e nas perspectivas para a inflação deste ano. Essas tem vindo abaixo das expectativas do mercado e abaixo das previsões do Banco Central do Brasil (BCB).

No que tange o cenário econômico, continuamos a ver os números correntes ratificando o cenário base. Em linhas gerais, vemos uma recuperação cada vez mais consolidada, espalhada e acentuada do crescimento, o mercado de trabalho segue mostrando queda na taxa de desemprego e elevação dos rendimentos médios reais, a inflação corrente continua baixa. Os dados prospectivos dão sinais de que inflação deverá continuar abaixo da meta nos próximos 12 a 18 meses, permitindo a Taxa Selic permanecer baixa por um longo período de tempo. As contas externas estão saudáveis enquanto o quadro fiscal, grande preocupação estrutural, mostra uma recuperação cíclica, capitaneada pela recuperação do crescimento e emprego, e, claro, de uma inflação baixa.

No cenário externo, o destaque ficou por conta da elevação da volatilidade dos ativos de risco ao longo do mês. O movimento foi impulsionado pela divulgação de dados que confirmam um cenário de elevação, mesmo que ainda gradual, da inflação nos EUA e sinais de pressões inflacionárias provenientes de um mercado de trabalho robusto e no pleno emprego.

Nas últimas semanas, observamos alguns números de crescimento econômico um pouco mais baixos do que as expectativas e com alguma moderação no crescimento. Vemos estes números como naturais nesta fase do ciclo econômico. Acreditamos que esta acomodação seja pontual, mas esses dados sinalizam um crescimento global que deixou de acelerar e que aponta na direção de uma “velocidade de cruzeiro”, está um pouco mais baixa do que aquela verificada nos últimos 3 meses.

O número que nos chamou mais a atenção, mas que também merece uma pitada de ceticismo, foi a queda do PMI Manufacturing oficial na China. O número é apenas um sinal de desaceleração em um período de sazonalidade complicada devido ao Ano Novo Lunar. O cenário base continua a ser de uma desaceleração gradual do crescimento chinês ao longo deste ano. Contudo, uma desaceleração mais acentuada do que as expectativas seria uma grande surpresa para o consenso, por isso nossa visão é um pouco mais cauteloso em torno deste tema.

Alocação/Estratégia:
Continuamos a ver o cenário local como bastante positivo ciclicamente. Para este cenário cíclico se tornar estrutural, precisamos ver avanços na agenda de reformas e a eleição de um presidente com viés liberal e reformista. Acreditamos que, por ora, o pano de fundo externo ainda é positivo paras as economias emergentes e, consequentemente, para o Brasil. Contudo, já vemos o acumulo de evidências de que este cenário possa estar mudando e, por isso, vamos buscar ser mais ativos nas alocações táticas (curto-prazo) além de buscar alocações que se beneficiam deste tipo de ambiente, como fundos estruturados (multimercados) e/ou multimercados institucionais.

Juros – Nos atuais níveis de preço, preferimos estar com alocação acima da média na classe de Inflação Longa (NTN-Bs longas). Preferimos estar com alocações na média na parcela de Juros Prefixados (DI). Na Inflação Curta, optamos por estar levemente abaixo da média (NTN-Bs curtas).

Vemos espaço para a compressão dos prêmios na parte intermediária e longa da curva nominal e real de juros, capitaneados por um cenário de recuperação gradual do crescimento, hiato do produto ainda bastante aberto, inflação corrente e perspectiva baixa, e expectativas de inflação ancoradas. Entendemos, contudo, que nesta fase do ciclo os ganhos tendem a ser mais moderados e os riscos mais elevados.

Câmbio – Neste momento, recomendamos alocações neutras em câmbio e uma postura tática em relação a moeda local (Real ou BRL). Contudo, preferimos alocações do BRL relativas a seus pares e não apenas contra o Dólar (USD). Seguimos com a visão de que as posições em câmbio devem ser mais táticas (curto-prazo) do que estruturais (longo-prazo).

Trabalhamos com cenário de contas externas saudáveis, com um déficit em conta corrente tranquilo para a maturidade do país. A conta corrente têm sido financiada de maneira ampla e saudável por Investimentos Estrangeiros Diretos, que são fluxos muito mais estáveis e saudáveis, por visarem retornos de longo-prazo. Além disso, vemos espaço para o aumento da alocação dos estrangeiros em renda fixa e renda variável local, o que favorece fluxos para carteira de portfólio. Contudo, entendemos que o cenário externo apresenta um peso grande sobre o desempenho do Real e o cenário eleitoral poderá trazer volatilidade de curto-prazo.

Renda Variável – Ainda vemos espaço para manter alocações acima da média. Após a apreciação recente, estamos optando por alocações em Fundos Valor ou carteira de ações, em uma tentativa de “fugir” da parcela mais cíclica da bolsa, cuja apreciação demanda um cenário externo propício.

O nosso cenário base de recuperação do crescimento e do emprego, inflação baixa, taxas de juros mais baixas por mais tempo e sem riscos relevantes nas contas externas, pressupõe que existe espaço para a alocação em renda variável local. Além disso, em termos técnicos, os investidores institucionais e estrangeiros apresentam um espaço grande de realocação nesta classe de ativo, se compararmos aos níveis já alocados a cerca de 5 a 7 anos atrás. Finalmente, para o investidor estrangeiro, em termos relativos, as bolsas emergentes, e no Brasil em especial, apresentam “valuations” mais atrativos do que as bolsas dos países desenvolvidos, em especial os EUA.

Fundos Multimercados – Estamos com alocações acima da média e aumentando as alocações nesta classe de ativos. A escolha dos gestores, neste caso, é mais importante do que o “timing” das alocações. Contudo, acreditamos que o cenário prospectivo será mais desafiador para alocações estratégicas (longo-prazo) nas demais classes de ativos e os gestores de fundos Multimercados Macro costumam apresentar desempenho positivo neste tipo de ambiente.

Fundos de Investimento no Exterior – Acreditamos que existe espaço para o investidor local diversificar o seu portfólio com fundos que apresentam menor “beta” (ou baixa correlação) com os ativos no Brasil. Neste estágio do ciclo econômico global, preferimos fundos com “hedge” cambial por não termos uma visão direcional para o câmbio. Preferimos fundos com um perfil mais voltado pela busca de “alpha” em detrimento a fundos com “beta” em mercados específicos, como fundos que são “comprados” em bolsas e buscam apenas “alpha” nesta classe de ativos. O racional é bastante parecido com o que colocamos acima no tocante aos fundos multimercados.

Fundo Icatu Vanguarda Macro Fundo de Investimento Multimercado:

O Fundo manteve exposição à parte intermediária e longa da curva real de juros, administrando apenas tamanho e instrumentos. Ainda vemos espaço para a compressão dos prêmios das taxas longas do país, baseado no pano de fundo de uma recuperação da economia, em meio a um hiato do produto elevado, expectativas de inflação ancoradas e contas externas saudáveis.

Mantemos posição comprada em bolsa local na maior parte do mês. Continuamos administrando ativamente o tamanho e os instrumentos da alocação. Devemos continuar buscando posições nesta direção ao longo dos próximos meses, exceto na eventualidade de uma mudança brusca de cenário.

O fundo não apresentou alocações relevantes em Real (BRL), mas operou de forma ativa e tática a moeda local. Continuamos vendo o câmbio operando em uma grande “banda”, entre 3,0-3,30. As posições neste ativo devem ser táticas.

Mantivemos posições vendidas em Dólar Australiano (AUD) e compradas em Iene (JPY - a moeda do Japão).

Mantemos posição tomada nas curvas longas de juros das economias desenvolvidas, concentrado na curva dos EUA. Estamos administrando ativamente o tamanho e os instrumentos da alocação. Devemos manter alocações relevantes nesta classe de ativos, exceto por mudanças bruscas de cenário.

O fundo manteve posições táticas vendidas em bolsa americana (S&P500).

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