Relatório Semanal de Asset Allocation:
Cenário
Econômico:
A
semana passada foi de agenda econômica relativamente esvaziada no Brasil. As
Vendas no Varejo de janeiro apresentaram alta de 0,9% no mês e 3,2% em relação
ao mesmo período do ano passado, um pouco acima das expectativas. O indicador
do setor de serviços coletado pelo IBGE apresentou queda de 1,3% no mês, abaixo
das expectativas de alta de 0,8%.
De
maneira geral, continuamos a ver um cenário de recuperação gradual da economia
do país. Os números recentes não alteram esta dinâmica de crescimento saudável,
porém não excepcionalmente robusto. A inflação corrente continua dando sinais
positivos (inflação baixa), o que deverá levar o Banco Central do Brasil (BCB)
a promover mais um corte na Taxa Selic, como já é amplamente esperado pelo
mercado.
Nos
EUA, a despeito de alguns indicadores de crescimento um pouco abaixo das
expectativas, no cômputo geral, ainda vemos um crescimento estável e positivo.
A inflação ficou dentro das expectativas do mercado em fevereiro, o que trouxe
algum alívio, mesmo que temporário, aos mercados financeiros globais. Ainda
vemos um cenário de hiato do produto praticamente fechado, um crescimento
sólido e uma economia no pleno emprego. Nosso cenário base continua a ser de
continuidade no processo de normalização monetária por parte do Fed e um
ambiente um pouco mais desafiador à frente (se comparado aos últimos anos,
especialmente 2016 e 2017).
Na
Europa, o crescimento segue robusto e a inflação controlada. O Banco Central
Europeu não demonstra ter pressa no processo de normalização monetária, mas dá
sinais cada vez mais evidentes de que o caminho da normalização será trilhado
ao longo dos próximos meses.
Na
China, os dados de atividade econômica mostraram uma economia com crescimento
estável em janeiro e fevereiro. O Ano Novo Lunar costuma dificultar a análise
da economia do país nesta época do ano, mas de modo geral observamos um
crescimento satisfatório e os riscos de uma desaceleração mais acentuada foram
dissipados, pelo menos no curto-prazo. O cenário central ainda é de uma desaceleração
gradual da economia ao longo do ano.
O
Governo chinês está passando por uma grande mudança em seus quadros nas últimas
semanas. Até o momento, não há surpresas muito evidentes nas mudanças, exceto
pela extensão do poder do atual Premier do país por tempo indeterminado, o que
antes era proibido pela Constituição. De maneira geral, podemos esperar um
cenário de continuidade no processo de reformar econômicas, mas que será
administrado “à moda chinesa”, ou seja, numa velocidade que será determinada pelo pano de fundo de crescimento. Uma
economia robusta permitirá reformas mais rápidas. Uma economia mais
fragilizada, invariavelmente, incorrerá em reformas mais lentas.
Alocação/Estratégia:
Nas
últimas semanas, temos priorizado a parte longa da curva de juros reais, devido
ao estágio do ciclo de política monetária. Ainda gostamos do mercado local de
renda variável, mas estamos priorizando ações e fundos que buscam “valor” no
mercado, ao invés de uma correlação ou “beta” elevado com o Ibovespa. Seguimos
sem recomendações estruturais para o mercado de câmbio.
Continuamos
a ver o cenário local como bastante positivo ciclicamente. Para este cenário
cíclico se tornar estrutural, precisamos ver avanços na agenda de reformas e a
eleição de um presidente com viés liberal e reformista. Acreditamos que o pano
de fundo externo ainda é positivo paras as economias emergentes e,
consequentemente, para o Brasil. Contudo, já vemos o acúmulo de evidências de
que este cenário possa estar mudando e, por isso, vamos buscar ser mais ativos
nas alocações táticas (curto-prazo) além de buscar alocações que se beneficiam
deste tipo de ambiente, como fundos estruturados (multimercados) e/ou
multimercados institucionais.
Juros
– Nos atuais níveis de preço, preferimos estar com alocação acima
da média na classe de Inflação Longa (NTN-Bs longas). Preferimos estar com
alocações na média na parcela de Juros Prefixados (DI). Na Inflação Curta,
optamos por estar levemente abaixo da média (NTN-Bs curtas).
Vemos
espaço para a compressão dos prêmios na parte intermediária e longa da curva
nominal e real de juros, capitaneados por um cenário de recuperação gradual do
crescimento, hiato do produto ainda bastante aberto, inflação corrente e
perspectiva baixa, e expectativas de inflação ancoradas. Entendemos, contudo,
que nesta fase do ciclo os ganhos tendem a ser mais moderados e os riscos mais
elevados.
Câmbio
– Neste momento, recomendamos alocações neutras em câmbio e uma
postura tática em relação à moeda local (Real ou BRL). Contudo, preferimos
alocações do BRL relativas a seus pares e não apenas contra o Dólar (USD).
Seguimos com a visão de que as posições em câmbio devem ser mais táticas
(curto-prazo) do que estruturais (longo-prazo).
Trabalhamos
com cenário de contas externas saudáveis, com um déficit em conta corrente
tranquilo para a maturidade do país. A conta corrente tem sido financiada de
maneira ampla e saudável por Investimentos Estrangeiros Diretos, que são fluxos
mais estável e saudáveis por visarem retornos de longo-prazo. Além disso, vemos
espaço para o aumento da alocação dos estrangeiros em renda fixa e renda
variável local, o que favorece fluxos para carteira de portfólio. Contudo,
entendemos que o cenário externo apresenta um peso grande sobre o desempenho do
Real e o cenário eleitoral poderá trazer volatilidade de curto-prazo.
Renda
Variável – Ainda vemos espaço para manter alocações acima da média. Após a
apreciação recente, estamos optando por alocações em Fundos Valor ou carteira
de ações, em uma tentativa de “fugir” da parcela mais cíclica da bolsa, cuja
apreciação demanda um cenário externo propício.
O
nosso cenário base de recuperação do crescimento e do emprego, inflação baixa,
taxas de juros mais baixas por mais tempo e sem riscos relevantes nas contas
externas, pressupõe que existe espaço para a alocação em renda variável local.
Além disso, em termos técnicos, os investidores institucionais e estrangeiros
apresentam um espaço grande para realocação nesta classe de ativo, se
compararmos a níveis já alocados anteriormente. Finalmente, para o investidor
estrangeiro, em termos relativos, as bolsas emergentes, e no Brasil em
especial, apresentam “valuations” mais atrativos do que as bolsas dos países
desenvolvidos, em especial os EUA.
Fundos
Multimercados – Estamos com alocações acima da média e aumentando as alocações
nesta classe de ativos. A escolha dos gestores, neste caso, é mais importante
do que o “timing” das alocações. Contudo, acreditamos que o cenário prospectivo
será mais desafiador para alocações estratégicas (longo-prazo) nas demais
classes de ativos e os gestores de fundos Multimercados Macro costumam
apresentar desempenho positivo neste tipo de ambiente.
Fundos
de Investimento no Exterior – Acreditamos que existe
espaço para o investidor local diversificar o seu portfólio com fundos que
apresentam menor “beta” (ou baixa correlação) com os ativos no Brasil. Neste
estágio do ciclo econômico global, preferimos fundos com “hedge” cambial por
não termos uma visão direcional para o câmbio. Preferimos fundos com um perfil
mais voltado pela busca de “alpha” em detrimento a fundos com “beta” em
mercados específicos. Um exemplo disso são fundos que são “comprados” em bolsas
e buscam apenas “alpha” nesta classe de ativos. O racional é bastante parecido
com o que colocamos acima no tocante aos fundos multimercados.
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