Goldilocks for now, watching US Core CPI.


Mercados & Cenário:
O final de semana não trouxe novidades ao cenário econômico global. Neste ambiente, os ativos de risco estão dando continuidade ao movimento verificado na sexta-feira, com destaque para a alta das bolsas globais, uma leve abertura de taxa de juros no mundo desenvolvido e um dólar e commodities mais mistas.

Os dados do mercado de trabalho de fevereiro, nos EUA, concentraram as atenções da sexta-feira. De maneira geral (e resumida), os números divulgados mostraram um mercado de trabalho forte e robusto, com a economia já muito próxima (ou tendo ultrapassado) o pleno emprego.

Os números mostraram uma criação robusta de vagas de trabalho, uma taxa de desemprego baixa, que só não recuou novamente devido a uma alta não desprezível da taxa de participação, mas rendimentos (pressões inflacionárias provenientes do mercado de trabalho) mais baixos do que as expectativas.

De maneira geral, este quadro costuma caracterizar um cenário bastante positivo para os ativos de risco. Contudo, acredito que precisamos tomar cuidado com interpretações de curto-prazo nesta fase do ciclo econômico.

Os números de fevereiro reduzem os riscos, ou a percepção, de que o Fed esteja atrasado no processo de normalização monetária. Dito de outra forma, o número reforça a necessidade de continuidade do ajuste na política monetária dos EUA, com cerca de 4 altas de juros este ano, e um processo relativamente “automático” (já anunciado) de redução do balanço do Fed, mas reduz a probabilidade, pelo menos no curto-prazo, de um “erro de política monetária”.

Este pano de fundo pode favorecer no curto-prazo ativos que sofreram ao longo de fevereiro, como os ativos emergentes e as bolsas globais. Contudo, o cenário permanecerá bastante sensível aos dados de inflação, emprego e renda. Já nesta semana teremos a divulgação do Core CPI nos EUA.

No Brasil, IPCA de fevereiro ficou dentro das expectativas do mercado no Brasil. O qualitativo do indicador mostra uma inflação baixa e comportada. Os números recentes corroboram um cenário de mais uma queda na Taxa Selic para 6,5% e juros mais baixos por mais tempo no país. Continuamos a ver as taxas longas como excessivamente elevadas no Brasil.

O mercado de juros locais tem se mostrado muito bem comportado ao longo do ano, muito em conta da robustez do cenário de baixa inflação. O BRL e o Ibovespa tem apresentando alguma volatilidade maior, muito em conta do cenário externo. Neste estágio do ciclo, e nos atuais níveis de preço, preferimos posições em ações específicas, cuja precificação ainda se mostra atrativa, e continuamos a ver o BRL em um grande “range” entre 3,10-3,35 ao longo no horizonte relevante de tempo.

Dados Econômicos:
A segunda-feira não apresentou nenhuma divulgação relevante de dados econômicos.

Agenda:
O dia será de agenda relativamente esvaziada. As atenções estarão centradas no Core CPI, nos EUA, amanhã. Acredito que um número abaixo de 0,2% MoM poderá dar ímpeto a um movimento adicional de “Risk-On” em um pano de fundo de “Goldilocks”. Um número acima de 0,3% MoM irá trazer de volta o debate em torno do momento do ciclo econômico nos EUA, levando a uma rodada de alta de juros e pressão nos ativos de risco, com o ambiente de “Goldilocks” sendo mais uma vez questionado e um movimento de “Risk-Off” podendo imperar no curto-prazo.

Visão & Posição:
Diante do exposto acima, elevamos marginalmente nossa exposição sà bolsa Brasil e iniciamos uma posição tática comprada em BRL (vendida em dólar), ambas através de estruturas de opção. Após o recuo recente das volatilidades implícitas de várias classes de ativos, vemos grandes oportunidade, e excelente risco/retornos, em posições no mercado de opções.

No geral, não alteramos a nossa percepção de que devemos manter um portfólio mais neutro, focado em posições e temas específicos. O ano deverá trazer oportunidades de alocações mais táticas e nossa visão de uma volatilidade média mais elevada deve favorecer o posicionamento, em momentos específicos, no mercado de opções.

- Nossa maior alocação continua a ser voltada para taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.
- Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas e alavancagem relevante. Após meses bastante positivo em janeiro e fevereiro, essas posições estão “sofrendo” nos últimos dias. Da forma que foram estruturadas, eles estão “organicamente” perdendo relevância no portfólio. Por ora, não estamos adicionando a essas posições.
- Temos um pequeno hedge através de “puts” (opções de venda) de S&P. Após o movimento recente, a posições foi substancialmente reduzida.
- No Brasil, seguimos com posição na parte longa da curva de NTN-B.
- Estamos com uma pequena posição comprada em uma carteira de ações voltada para o mercado doméstico e voltamos a ter alguma exposição comprada em Ibovespa através do mercado de opções.



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