Sinais de fragilidade permanecem.
Ainda vejo sinais de fragilidade nos
ativos de risco. O spread da LIBOR-OIS continua se elevando, os riscos de um
maior protecionismo por parte dos EUA ainda não foram dissipados e os
principais bancos centrais do mundo continuam caminhando na direção de
normalização monetária, ou seja, de retirar estímulos da economia global. Além
disso, o setor de Tecnologia na bolsa dos EUA enfrenta um questionamento que
nunca antes havia enfrentado, o que pode causar ruído e volatilidade em um
ambiente de valuations “esticados” e posição técnica comprometida.
Contudo, exceto por dados pontuais, o
crescimento global continua saudável e relativamente robusto, o que tem evitado
uma mudança completa de dinâmica por parte dos ativos de risco, para um cenário
um pouco mais negativo. Caso o crescimento dê sinais mais substancias de
arrefecimento, o que é um cenário alternativo, não o cenário base, a situação
dos ativos de risco pode ficar ainda mais delicada.
Enquanto isso, devemos seguir em um
ambiente de incerteza, pouca visibilidade e sem tendências definidas, em linha
com nossa visão mais estrutural para este ano, focada em temas específicos, em
posições relativas e postura mais tática.
O Brasil continua refém deste quadro global. Nos últimos dias vimos um
forte movimento de depreciação do BRL, que já opera acima de 3,30 e, hoje,
observamos uma abertura das taxas de juros reais e nominais, com “steppening’
da curva. Estes movimentos seguem o pano de fundo global, mas são exacerbados
por uma posição técnica pouco saudável. Vemos muitos fundos aplicados em juros
novamente e muitos vendidos em dólar. Isso está ajudando o movimento recente de
realização de lucros.
Ainda vejo o BRL em um rangde entre
3,10-3,35 ao longo do ano. A banda de cima pode ser testada em breve e, caso
rompida, minha visão deverá ser reavaliada. Continuo vendo um cenário favorável
para o mercado local de juros ao longo do ano e vejo o movimento recente apenas
como uma realização pontual de lucros.
Dados
econômicos:
O ZEW, na Alemanha, um dos principais indicadores de confiança do país,
apresentou queda relevante e acima das expectativas. A despeito da queda, ainda
vejo o indicador em um nível saudável e condizente com um crescimento robusto
da economia do país.
Agenda:
Amanhã teremos a decisão do FOMC nos EUA como destaque. O mercado já
espera uma alta de 25bps nas taxas dos Fed Funds. O debate e a incerteza ficam
por conta de uma possível mudança nas expectativas para as taxas de juros futuras
por parte dos membros do Fed. Existe já alguma expectativa por parte do mercado
de que alguns membros do comitê podem trabalhar com 4 altas de juros este ano,
ao invés de 3. Isso, contudo, não é consenso no mercado. Além disso, será a
primeira aparição de Jay Powell em uma “press
conference” oficial, um importante teste para o novo presidente do Fed.
Visão
& Posição:
- Nossa maior alocação continua a ser voltada para
taxas de juros mais elevadas nos EUA. Preferimos a parte longa da curva.
- Mantemos posições compradas em EUR e JPY, porém
vendidas em AUD. As posições foram estruturadas de forma a ter perdas limitadas
e alavancagem relevante.
- Temos um pequeno hedge através de “puts”
(opções de venda) de S&P.
- No Brasil, seguimos com posição na parte longa da
curva de NTN-B.
- Estamos com uma pequena posição comprada em uma
carteira de ações voltada para o mercado doméstico no Brasil.
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