Últimas horas trouxeram notícias relevantes ao cenário.

As últimas 12 horas trouxeram notícias interessantes aos cenário, mas que apenas reforçam o cenário base, sem alterar o pano de fundo global, mas que podem ter algum impacto nos mercados financeiros. Vamos as notícias.

Nos EUA, a Apple anunciou que irá pagar cerca de US$36bi em impostos e repatriar lucros retidos no exterior. O dinheiro será usado para investimentos, tais como um novo “campus” e a contratação de milhares de funcionários. Segundo consta, grande parte dos recursos da empresa estão em títulos curtos (Treasuies até 5 anos) e corporate bonds. A leitura do mercado foi relativamente natural, com alta das bolsas, precificando mais crescimento via investimentos e emprego, e alta nas taxas de juros, devido a mais uma fonte de venda de títulos públicos em meio a um pano de fundo de solidez do crescimento e do emprego.

Na noite de ontem, os dados de estoques e fluxos de títulos norte americanos mostrou uma queda no estoque de Treasuries por parte de Japão e, especialmente, da China, em cerca de US$10bi cada. O número é relevante em um contexto em que há rumores de que a China poderia reduzir suas compras de Treasuries devido às incertezas do cenário e diante de preços menos atrativos. Os números de ontem confirmam estes rumores, mesmo que já negados oficialmente, uma vez que as reservas internacionais da China estão subindo nos últimos meses e o estoque de Treasuries caiu ao menor nível desde julho de 2017.

Os números econômicos da China de dezembro mostraram um PIB, uma produção industrial e dados de investimentos basicamente em linha com as expectativas, mas as vendas no varejo surpreenderam negativamente. Os números estão em linha com a tese de que o pico da atividade no país ficou para trás e deveremos conviver com uma desaceleração gradual da economia de agora em diante.

Eu vejo os eventos recentes como reforçando a tese em prol de taxas de juros mais elevadas no mundo desenvolvido mas, em especial, nos EUA. Tenho o receio de que estejamos entrando na fase do ciclo econômico em que mais crescimento signifique mais inflação e, até mesmo, um certo “overheating” da economia dos EUA, o que não tende a ser positivo para os mercados no longo-prazo. Ainda me parece cedo para rever totalmente o pano de fundo de “Goldilocks” que ainda domina a cabeça dos investidores, todavia continuo vendo sinais que precisam ser estudados e maturados no curto-prazo. Assim, mantenho relevante exposição tomada em juros nos EUA.

Eu não deveria entrar no mérito de comentar sobre as “cripto- moedas” por ter a consciência de que nada entendo sobre o assunto. Só tenho uma pequena, e talvez irrelevante opinião sobre o tema. A alta parabólica nos preços do Bitcoin e Cia, na minha humilde visão, é um sintoma da mesma “doença” que afetou os demais mercados globais e ativos de risco nos últimos anos. Entre outros (nova tecnologia, sigilo nas transações, utilização criminosa e etc), o excesso de liquidez global me parece ser uma importante explicação para este fenômeno. Assim, conforme entramos no estágio final do ciclo de afrouxamento monetário, com Fed reduzindo QE e subindo juros, ECB iniciando processo semelhante, PBoC com política fiscal e monetária mais apertada e BoJ sinalizando caminho parecido, mesmo que em um momento futuro, acabam trazendo alguma incerta para a continuidade destes movimentos parabólicos.


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