Risk-Off! For how long?

Não há mudanças substanciais de cenário econômico nos últimos dias, mas certamente os mercados financeiros globais emitem sinais de fadiga. A alta das volatilidades (realizadas e implícitas) e a perda de correlação entre várias classes de ativos (já comentado mais cedo e reproduzido abaixo) não podem ser ignorados.

Por ora, estou tratando o movimento recente como uma correção natural e saudável, após um começo de ano extremamente agressivo em termos de apreciação dos ativos financeiros. A posição técnica mais poluída, níveis de preço menos atrativos e uma agenda econômica mais carregada podem explicar parte dos movimentos recentes.

O que me chama mais a atenção, e deve ser visto de forma um pouco mais estrutural, é a dinâmica global das taxas de juros dos países desenvolvidos desde a virada do ano. Além de um pano de fundo econômico que justifica juros mais elevados, temos um quadro técnico de mais emissões (aumento da oferta) e redução da demanda (através da redução do balanço do Fed e “tapering” do ECB).

Este cenário me preocupa, já que vejo este processo como estrutural e não apenas pontual. Taxas de juros mais elevadas significam taxas de desconto mais altas e, consequentemente, valuations (preços de ativos financeiros) mais baixos. Não sei quando isso fará preço de forma mais estrutural nos mercados financeiros globais.

Os ativos no Brasil continuam seguindo o humor global a risco, na ausência de notícias locais relevantes. As atenções do mercado estarão voltadas para as pesquisas de opinião em torno das eleições presidênciais. No cenário macro, continuamos a ver um ambiente de recuperação do crescimento, cada vez mais consolidado e espalhado, inflação contida, e contas externas saudáveis. Em termos políticos, não vemos alinhamento para a aprovação da Reforma da Previdência no curto-prazo. O mercado vê da mesma forma. A aprovação seria vista como bastante positiva pelos ativos locais.

Em termos de portfólio, continuo buscando posições mais balanceadas e relativas, visando um cenário um pouco mais turbulento à frente, mesmo que pontualmente. Precisamos estar preparados e líquidos para eventuais mudanças estruturais de cenário.

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A despeito da manutenção de um “cenário base” relativamente estável ao redor do mundo, e da maior parte dos ativos de risco encontrarem-se em níveis apreciados para o histórico recente e, em muitos casos (como as bolsas nos EUA), em picos históricos, já vemos desde a virada do ano um padrão de volatilidade (vol) mais elevada nos ativos financeiros.

Além disso, acho válido mencionar a perda de algumas correlações históricas, pelo menos no curto-prazo, como das Treasuries com S&P, do JPY com a Treasury e o S&P, do dólar no mundo com o diferencial de juros, entre outros.


De modo geral, vejo estes sinais como uma evolução natural do cenário prospectivo. Com relação a alta nas volatilidades, dado o estágio do ciclo econômico, acredito que possa ser uma tendência de veio para ficar, ou seja, vols mais altas do que o histórico padrão recente.

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