Dados econômicos mantêm o cenário positivo e inalterado.

Os números do mercado de trabalho nos EUA em nada mudam o pano de fundo econômico global e consequentemente a narrativa para os ativos de risco. Os dados mostraram uma criação ainda saudável de vagas de trabalho, uma taxa de desemprego estável, porém baixa e uma alta gradual nos rendimentos médios reais.

No Brasil, a produção industrial apresentou leve elevação, com um quadro qualitativo positivo. Os dados da ANFEVEA confirmaram o bom momento para a indústria automobilística local. Ambos os indicadores estão em linha com o cenário base de uma recuperação gradual do crescimento, mas um processo cada vez mais consolidado e espalhado.

Não há novidades relevantes nos mercados financeiros globais. O dia foi novamente de alta nas bolsas globais, alguma abertura de taxas de juros no mundo e um movimento mais misto do dólar. Não vejo motivos, pelo menos ainda, para uma alteração abrupta ou completa das principais tendências que vem sendo regra ao longo dos últimos meses.

O principal risco continua me parecendo o surgimento mais concreto da inflação no mundo desenvolvido. Os problemas de liquidez na HNA, na China, um dos grandes conglomerados do país, precisam ser acompanhados de perto. Por ora, parece mais um problema de liquidez do que de solvência, mas dado o tamanho da empresa, não pode ser totalmente ignorado.

A rápida e acentuada apreciação dos ativos de risco nas últimas semanas gera desconforto pela velocidade e magnitude, mas estão em linha com o pano de fundo econômico. A posição técnica começa a se deteriorar, mas ainda não parece um impedimento a novas rodadas de apreciação. A posição técnica e o valuation são vetores que, eventualmente, podem se mostrar uma restrição a apreciações adicionais dos ativos de risco, mas parece que precisam estar acompanhados de uma mudança de cenário para inverter de fato as tendências.

Assim, deveremos seguir com um pouco de “mais do mesmo” nos próximos dias, exceto por realizações pontuais de lucros. O próximo importante indicador para os mercados serão os dados de inflação nos EUA.

Os ativos no Brasil estão seguindo o humor global a risco. O próximo importante evento local será o julgamento de Lula na segunda instância, no TRF-4, agendado para o dia 24 deste mês. Nossa análise dos fundos locais mostra uma posição técnica já um pouco mais comprometida. A parte curta da curva de juros, como comentei ontem, já se mostra menor atrativa. Ainda vejo espaço para novas rodadas de apreciação dos ativos locais, mas esses vetores precisam ser monitorados.


Vale a pena mencionar que este começo de ano está sendo ajudado por fortes fluxos globais para emergentes, assim como uma nova rodada de alocações de investidores institucionais locais no mercado de renda variável do Brasil. Espero que está seja uma tendência de longo-prazo, mas em certos momentos do tempo, como agora, teremos algumas concentrações de fluxos.

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