Mais sinais de que o cenário pode estar mudando.
A sexta-feira trouxe
informações importantes para o cenário econômico global, a despeito de uma
reação menos trivial por parte dos mercados financeiros. Os dados divulgados
ontem estão em linha com a minha tese de que estão se acumulando evidências que
podem estar sinalizando para uma mudança gradual do cenário econômico. Este tipo
de alteração não costuma acontecer de uma hora para outra e precisam ser
monitorados de maneira cada vez mais atenta (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/alguns-sinais-merecem-atencao.html,
https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2018/01/the-winds-are-changing.html).
Nos EUA, em dezembro,
o Core CPI apresentou alta de 0,3% MoM e 1,8% YoY, acima das expectativas do
mercado. As vendas no varejo apresentaram altas robustas, assim como os
estoques do atacado. Esses números levaram a revisões altistas para o PIB do 4Q
do ano.
Os dados divulgados
ontem estão em linha com um cenário de crescimento sólido, inflação ascendente
e necessidade de continuidade do processo de normalização monetária nos países
maduros. Fica cada vez mais claro que o hiato do produto nos EUA está fechado e
o mercado de trabalho em pleno emprego.
Por ora, o mercado
precifica cerca de 2,5 altas de 25bps na taxa básica de juros em 2018 e cerca
de 1 alta de 25bps em 2019. Caso o cenário mostrado pelos números de ontem seja
reforçado ao longo dos próximos meses, me parece ainda haver pouco prêmio de
alta de juros na curva de juros do país, especialmente frente a um cenário
global nas economias desenvolvidas bastante semelhante ao ambiente dos EUA.
Este mesmo cenário ode
ser observado em países e/ou regiões como Europa, China, Japão, Canadá,
Inglaterra e afins. Se confirmada esta tese, será a primeira vez desde a crise
de 2008, ou seja, em cerca de 10 anos, que veremos um processo continuo e
coordenado de normalização monetária.
Os ativos de risco
reagiram de maneira pouco trivial, o que merece destaque e atenção. Algumas
correlações parecem estar sendo “quebradas”. Algumas de fato evoluirão para
novas tendências, enquanto outras poderão ser apenas reações pontuais que não
irão durar por muito tempo.
Por exemplo, a
despeito do cenário descrito acima, o dólar (USD) mostra fraqueza, puxado pelo “delta”
de recuperação mais acentuado no resto do mundo em relação aos EUA. Os ativos emergentes continuam mostrando
bom desempenho, mesmo diante da abertura de taxas de juros no mundo
desenvolvido.
Na minha visão, o
cenário merece um portfólio mais balanceado, em busca de posições relativas e
histórias mais “micro” do que “macro”. De grandes tendências “macro” ainda vejo
a abertura das taxas de juros no mundo desenvolvido como um tema estrutural.
Nos mercados emergentes, acredito que os plays serão mais “micro”. Ainda gosto
dos ativos no Brasil, mas entendendo que o ano terá alguns momentos de
volatilidade mais acentuada, o que merece postura mais tática em alguns
momentos e a busca por hedges e/ou posições mais assimétricas. Sigo mantendo
uma posição estrtatégica (ou seja, estrutural) comprada em ativos locais,
buscando apenas administrar tamanhos e instrumentos. No mercado de câmbio,
estou cada vez mais convicto na apreciação do JPY. Por ora, estou optando pelo
Short AUDJPY via o mercado de opções (com compra de volatilidade).
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