Sinais de fadiga dos ativos de risco.
Desde o começo de segunda-feira
os ativos de risco estão mostrando sinais de fadiga e apresentando alguns
movimentos clássicos de realização de lucros, ou “risk-off”> Acredito que o
movimento seja natural em qualquer ciclo econômico e pode ser explicado por um
misto entre posição técnica um pouco prejudicada no curto-prazo, preços menos
atrativos e uma agenda econômica e de política monetária mais carregada ao
longo da semana.
Ainda vejo espaço para
a continuidade desta “acomodação” dos ativos de risco no curto-prazo, que julgo
ser natural e saudável. Por ora, contudo, ainda não vejo motivos concretos para
alterar de maneira radical o cenário base com o qual os mercados tem trabalhado,
leia-se, crescimento global saudável, inflação ainda baixa no mundo
desenvolvido e ajuste apenas gradual da política monetária nas principais economias
do mundo.
De qualquer maneira,
reforço que vejo um acumulo de sinais na direção contrária a este cenário base,
como tenho insistido nas últimas semanas (e pode ser lido aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/).
Isso requer um portfólio mais balanceado, a busca por posições relativas e a
procura por hedges.
Os ativos no Brasil estão
seguindo a risca o humor global em torno dos ativos de risco. Até o momento,
não houve nenhuma “over performance” dos ativos Brasileiros baseado na melhora
cíclica dos fundamentos locais (crescimento mais consolidado e espalhado,
inflação baixa, juros baixos, contas externas saudáveis e, até mesmo, ume leve
melhora nas contas públicas) e nem mesmo na aparente redução do “risco de cauda”
do processo eleitoral após a condenação de Lula na segunda instância, o que na
teoria o torna inelegível.
Assim, mantenho um portfólio ainda alocado em ativos do Brasil.
Nos atuais níveis de preço, a posição pode ser considerada de média para
pequena. Estou favorecendo as NTN-Bs na parte intermediária da curva, posições
compradas em BRL (vendidas em USD) através de estruturas de opção com perda
limitada e uma pequena posição comprada em renda variável em que migramos boa
parte das posição em Ibovespa por alguns “stock picks”. No cenário externo,
seguimos tomados me juros longos nos EUA e comprados em JPY estruturalmente.
Taticamente, ou seja, com stops mais curto, adicionamos uma venda de S&P e
de AUD no final da semana passada. Neste caso, a visão é de curto-prazo e
visando ter algum hedge no portfólio.
No tocante aos dados
econômicos correntes, não há alterações de cenário. Nos EUA, ontem, vimos o
Core PCE de dezembro subir 0,2% MoM e 1,5% YoY, dentro das expectativas do
mercado. Os dados de despesas ficaram levemente acima das expectativas,
mostrando um quadro de crescimento saudável e robusto do país.
No Brasil, a Nota de
Crédito do BCB mostrou a continuidade do processo gradual de recuperação do
mercado de crédito. Esta recuperação tem sido extremamente lenta, mas já mostra
sinais mais positivos há algum tempo. Este deve ser mais um vetor de suporte ao
crescimento no próximos meses.
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