Brasil: Um grande "risco de cauda" tem sua probabilidade substancialmente reduzida.

O ex-presidente Lula foi condenado em segunda instância pelo TRF-4, com voto unanime e com o aumento da pena imposta pelo juiz Sergio Moro na primeira instância. A decisão foi a pior possível para Lula, pois reduz as chances de apelação nesta instância e praticamente inviabiliza sua candidatura a presidente no pleito deste ano.

Os ativos locais reagiram de maneira bastante positiva e acentuada à decisão. Como vinha comentando neste fórum, os fundos locais haviam reduzido posição nos últimos dias. Assim, o quadro técnico favorável acabou ajudando a dar ímpeto à apreciação dos ativos locais.

O cenário base continua a ser de uma recuperação sustentável e cada vez mais consolidada e espalhada da economia do país. Um dos grandes riscos do cenário, que seria uma candidatura extremamente competitiva da esquerda, foi substancialmente reduzido com a decisão de hoje. Ainda vejo espaço para um bom desempenho dos ativos do Brasil. Continuo optando por posições estruturais (estratégicas) compradas em ativos do país, ajustando apenas tamanho e instrumentos (posição tática) de acordo com os níveis de preço, variáveis externas, riscos de curto-prazo e afins.

Vale comentar que o mercado ainda é, de maneira geral, "under" alocado em ativos de risco do país. Seja os investidores estrangeiros, ou seja os investidores institucionais. Assim, a despeito dos níveis de preço, me parece haver um espaço imenso para alocação de recursos em renda variável, títulos longos, o desenvolvimento de um mercado de crédito corporativo com taxas mais alinhadas com os demais mercados e, consequentemente, fluxos para o BRL.

No cenário externo, o destaque ficou por conta das declarações do Secretário do Tesouro dos EUA afirmando que um dólar mais fraco seria uma maneira de reduzir “os problemas” do déficit externo do país. As declarações foram lidas como um “sinal verde” para a continuidade do movimento de dólar fraco que já vinha sendo regra desde 2017.

No que tange o crescimento global, as prévias dos PMIs mostraram uma economia mundial bastante saudável e robusta. Os dados na Europa impressionam, com a economia da região crescendo a taxas superiores de 3,5% “na ponta”. Será extremamente importante acompanhar a decisão do ECB amanhã, pois crescem as chances de que o processo de normalização monetária nas economias desenvolvidas tenha que ser mais acelerado do que o anteriormente previsto.

Nesta mesma linha, os números do mercado de trabalho na Inglaterra mostraram um quadro de pleno emprego, com sinais cada vez mais evidentes de pressões salariais.

De maneira geral, continuo vendo amplo espaço para a abertura das taxas de juros nos países desenvolvidos. Mantenho exposição relevante tomada em juros nos EUA. Mantenho um portfólio vendido em dólar, focado no BRL e JPY, neste momento. Tenho ajustado os instrumentos e o e tamanho dessas posições de maneira bastante dinâmica. Por ora, a despeito de correções pontuais, ainda vejo espaço para estes dois grandes temas de investimentos se desenvolverem ao longo do ano.


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