Brasil: Nota de crédito rebaixada.

No início da noite de ontem a agencia de rating S&P anunciou o corte da nota de crédito do país. Na minha visão, a medida é de certa forma esperada. Dado o atual nível de preço dos ativos locais, um pouco “esticados”, e a posição técnica, um pouco mais comprometida, poderemos observar alguma reação negativa na abertura do mercado. Olhando à frente, contudo, não vejo este evento como um “game changer” para a dinâmica dos ativos locais. A mudança da nota de crédito de um país, quando ele sai de “Investment Grade” para “Junk Bond” costuma ser relevante, pois altera a “piscina” de investidores aptos a alocar naquele ativo. Quando um ativo já é “Junk Bond” e apenas tem sua nota rebaixada, isso pouco altera os fluxos para este ativo. No limite, o rebaixamento pode até ser positivo, pois mostra ao Congresso a necessidade e a urgência na aprovação de reformas estruturais, tirando a leniência de curto-prazo com o cenário cíclico mais positivo, até mesmo para as contas públicas.

No final da tarde de ontem Fed Dudley concedeu declarações bastante fortes e consideradas fortes. O Presidente do Fed de NY, que está de saída do cargo, mostrou preocupação com o risco de estabilidade financeira e um possível processo de “overheating” da economia dos EUA. Segundo o Morgan Stanley:

At 4:00 PM comments from NY Fed President Dudley hit the tapes but the market reaction was very muted even as the comments seemed explicitly hawkish. The lack of a notable reaction in the market might be because Dudley is set to retire from the Fed and the FOMC by the middle of this year. Nevertheless, Dudley stated that the Fed may have to "press harder" on breaks at some point given how easy financial conditions have become. He expressed worries that the recent tax cuts may overheat the US economy and was not concerned by the recent flattening in the yield curve.

Na China, os dados de exportação de dezembro ficaram levemente acima das expectativas, mas observamos um forte recuo das importações. Os números estão em linha com um cenário de crescimento global ainda robusto, mas com sinais cada vez mais claros de desaceleração da economia chinesa. De acordo com o Citibank:

China’s export growth moderated slightly – In dollar terms, export growth slowed from 12.3%YoY in Nov to 10.9%YoY in Dec, roughly in line with market expectations (Citi: 11.3%YoY, Consensus: 10.8%). Import growth decelerated sharply by 13.2 ppt to 4.5%YoY, much lower than expected (Citi: 13%, Consensus: 15.1%). As a result, the monthly trade balance widened notably from USD40.2 bn to USD54.7 bn. For 2017 as a whole, the growth of exports and imports surged to 8.3% and 15.9%, comparing with -7.7% and -5.4% in 2016, while the annual trade balance narrowed to USD430.7 bn from USD509.7 bn one year ago. In the meantime, the trade structure continued to improve, with the share of ordinary trade surplus rising by 1.3 ppt to 56.4%. According to China Customs, the price factor contributed to 52.6% and 37.3% of the import and export growth in 2017.
Minha visão de mercado de curto e longo-prazo segue inalterada. Para mais detalhes, segue o link para os comentários recentes: https://mercadosglobais.blogspot.com.br/.


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