Daily News – Feedback dos Investidores Institucionais.


Neste final de feriado, serei curto e sucinto, já que vejo poucas mudanças relevantes no cenário local e externo.

No Brasil, caminhamos para a aprovação da Reforma da Previdência ainda antes do recesso parlamentar. Vejo este passo como extremamente importante e positivo para o Brasil e seus ativos. Utilizarei outra oportunidade para rever a alocação em cada classe de ativo, mas ainda vale o que escrevi aqui recentemente: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/06/artigo-investindo-em-um-novo-brasil.html.

Nas várias visitas que fiz nos últimos dois dias a fundos de pensão locais e ouvindo a própria Previc, percebo que existe um espaço ainda gigantesco para este grupo de investidores migrarem para portfólios mais ativos e mais agressivos (percebam que não utilizei a palavra “portfólios mais arriscados”). Este processo parece que nem começou.

Ainda me parece haver um estoque relevante de NTN-Bs marcadas na curva que foram compradas a taxas confortáveis para o passivo desses fundos. Contudo, com o tempo passando e o risco de reinvestimento a taxas hoje muito mais modestas, é inevitável que este debate esteja começando neste momento.

Este será um processo longo e estrutural, que não se dará de um dia para outro, mas sem dúvida é um fluxo que precisamos estar atentos. Estamos em um estágio positivo de profissionalização deste mercado, que só vem a dar diligência e governança ao mercado local. Ao mesmo tempo, começamos a sentir este debate de portfolios mais diversificados e com “riscos” mais balanceados e “diferentes”, fugindo do “feijão com arroz” dos fundos DI.



No cenário internacional, tenho mais perguntas e dúvidas do que certezas, mas alguns eventos no curto-prazo devem ser relevantes. A começar pelo discurso de Powell, presidente do Fed, amanhã e depois no Congresso americano.

Continuo com viés mais negativo com o cenário internacional, mas me questionando diariamente até quando os bancos centrais serão capazes de continuar manipulando o preço dos ativos de risco, ou se, em algum momento, a economia global irá se estabilizar e mostrar que o momento atual é apenas mais uma fase suave de desaceleração e não um estágio final do ciclo econômico. Caso não vejamos uma estabilização nos próximos 1 a 3 meses, acho que haverá uma revisão de cenário por parte do mercado, que pode concluir que estamos em uma recessão mais séria, em um estágio mais avançado do ciclo econômico.

Interessante o debate que tivemos em evento hoje pela manhã, em que a política fiscal pode vir a dar ímpeto ao processo de estabilização nos países desenvolvidos. Ainda é cedo para acreditar que isso será colocado em prática, mas é um vetor à monitorarmos.

Vale aqui citar os eventos recentes na Turquia ontem, onde o Presidente demitiu o Presidente do Banco Central por divergências ideológicas, e no México, onde o Ministro da Fazenda pediu demissão também por questões ideológicas. Este tipo de situação mostra como é importante o Brasil avançar em sua agenda, se colocando como uma opção viável de investimentos. Também é importante se blindar de um problema internacional mais grave.

Ainda vejo sinais, no mínimo, preocupantes na China, com a desaceleração econômica e evidências anedóticas de obstáculos no mercado de crédito e no sistema financeiro. Se atentem a palavra utilizada – obstáculos. Ainda não podemos concluir que estamos a caminho de uma crise ou de uma situação de maior instabilidade, mas a situação merece atenção.



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