Artigo – Investindo em um novo Brasil.
Encerramos esta semana no Brasil com mais um feito histórico.
O mercado de juros, na parte curta da curva, atingiu níveis “nunca na história”
vistos anteriormente. A parte intermediária e curta da curva apresentou
movimento semelhante, mas ainda em níveis acima do que chegamos a observar no último
ciclo de queda da Taxa Selic.
Diante de um cenário em que a Taxa Selic está em 6,5% - nível
mais baixo da história – e com perspectivas de quedas adicionais, para níveis abaixo
de 6% e a manutenção deste patamar no horizonte relevante de tempo, é natural o
debate de como montar um portfólio balanceado, com retornos consistentes e,
principalmente, satisfatórios.
É neste pano de fundo
que estamos inseridos neste momento no Brasil. O lado positivo é que já vimos
movimentos semelhantes em outros países do mundo, sejam eles países
desenvolvidos, ou países passando pelo mesmo processo de avanço (ou
desenvolvimento) que o Brasil parece estar passando neste momento.
Eu tenho
insistido neste fórum que vejo uma mudança estrutural relevante na economia do
país e, consequentemente, na forma do Brasileiro investir. Reforço quase que
diariamente que este será um processo longo e tortuoso, não linear, que levará
não apenas meses, mas anos. Teremos volatilidade, incerteza, ruídos e
obstáculos ao longo do caminho. Entretanto, a direção me parece clara.
Em vários
momentos dos últimos meses reforcei a mensagem de separarmos “os ruídos dos
sinais”, e mantermos a visão de longo-prazo nos portfólios, aproveitando
momentos de descrença para elevar as alocações táticas compradas em ativos no
Brasil e aproveitarmos a euforia para reduzir taticamente tais posições, mas
sem alterar a estrutura dos portfólios estratégicos, de longo-prazo.
O Brasil está
mudando e o brasileiro precisará se adaptar a esta mudança. A “desbancarização”
está em seu ponto mais agudo, com o advento das plataformas de investimentos
independentes, mas ainda há uma grande lacuna em como estes investimentos são
feitos, embasados ou recomendados. É por isso que o Gestor de Patrimônio e o
Gestor de Recursos ganha importância redobrada.
Vejo um
movimento natural de busca por mais “risco” nos portfólios, com fluxos consistentes
para o mercado de renda variável e para ativos que antes eram vistos como menos
óbvios. Este processo já começou, mas ainda me parece estar em sua infância.
Abaixo, faço um
breve resumo de minha visão de portfólio para os investimentos no Brasil.
Renda Fixa:
Estamos reduzindo alocações na parte curta e intermediária da curva de juros e
mantendo alocações relevantes na parte longa, concentrada em papeis atrelados a
inflação (NTN-B). As taxas são mais baixas do que no passado recente, mas ainda
em torno de 4% de juros reais nos parece um patamar atrativo vis-à-vis o que
vemos ao redor do mundo.
Crédito
Privado: Estamos reduzindo alocações em fundos de Crédito Investment Grade
por questões de risco/retorno ruins. Não vemos “trigger” de problemas de
curto-prazo, mas uma classe que cresceu excessivamente nos últimos meses, com
fundos líquidos demais em um ambiente de taxas baixas e cadentes. Estamos
elevando a alocação em fundo de Crédito High Yield, por vermos taxas atrativos
e ainda “desarbitradas”, por ser uma classe ainda relativamente nascente no
país.
Multimercados:
Estamos mantendo uma alocação em torno da média em fundos Macro, mas vendo
algum desafio de desempenho de agora em diante, após fechamento das taxas de
juros. Estamos elevado alocações em fundos de “nicho”, com menor correlação
(não correlação negativa) com os ativos locais, menor “beta” aos mercados e
geradores de “alpha” no longo-prazo. Aqui entram fundos Long-Short,
Quantitativos, Event Drive e afins.
Renda
Variável: Seguimos com alocações relevantes e acima da média. Elevando
nosso foco em gestores ativos e de valor, em meio ao que acreditamos que será
um cenário desafiador para os ativos internacionais, podendo afetar os setores
mais cíclicos a economia global na bolsa local. Gostamos de fundos Valor, Small
e Mid-Caps e alguns fundos mais “trackeados” e mais líquidos para mantermos alguma
flexibilidade no portfólio.
Private
Equity: Estamos elevando a alocação nesta classe, com parcimônia. Acreditamos
que teremos grandes oportunidades no Brasil nos próximos anos. O desafio será
alocar/investir nos gestores capazes de encontrar essas oportunidades e ajudar
essas empresas a “florescerem”.
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