Ibovespa a 100 mil: O que isso significa?
O principal
índice de bolsa do Brasil ontem atingiu a marca de 100 mil pontos. Isso, na
verdade, significa muito pouca coisa. Não há dúvida que representa um certo
otimismo com o Brasil, dado que é um nível nominal recorde, “nunca antes na
história” atingido (até o dia de ontem). Gerou bastante notícia para a mídia, “memes”
para as mídias sociais e postagens de tweeter ao longo do dia.
Entretanto,
o que importa para os investidores, são as métricas de valuation. A bolsa em dólar ainda está longe de seu pico histórico,
assim como o nível real da bolsa, ou seja, descontada a inflação de todos esses
anos.
Olhando
de hoje, a bolsa não parece mais uma barganha como era há 2 ou 3 anos atrás,
mas ainda está longe de seus picos de valorização pelas principais métricas de valuation utilizadas pelo mercado.
Existem setores um pouco mais “caros” e outros ainda “baratos”. Como um todo,
podemos dizer que a bolsa ainda parece em um nível “justo” de preços/valuations.
A
posição técnica ainda não me parece comprometida. O investidores estrangeiros
estão longe de suas maiores alocações históricas nesta classe de ativo, assim como
o investidor institucional e o investidor pessoa física.
Nas
métricas de valuations, utilizamos
parâmetros como taxas de juros de longo-prazo e crescimento potencial da
economia. Sendo assim, se a agenda liberal deste governo avançar, alterando
para baixo os juros de longo-prazo da economia, assim elevando o seu
crescimento potencial, estaríamos falando de um potencial ainda elevado de
valorização da bolsa do país.
Até
porque juros mais baixos por mais tempo “empurrariam” os investidores para ativos
mais arriscados, com maior potencial de retorno, como a Bolsa, trazendo fluxos
e pressão altista. Vimos este tipo de movimento em países mais desenvolvidos
que passaram por processo semelhante ao que o Brasil passa hoje.
Voltando
ao dia-a-dia, a segunda-feira foi novamente de tom positivo, dinâmica que se
mantém essa manhã. Para não parecer repetitivo, comentei sobre essa
possibilidade mais a fundo na semana passada (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/green-shoots-goldilocks-risk-on.html).
A segunda-feira
foi de poucas novidades nesta frente, assim como essa manhã. Destaque para uma
matéria do WSJ sobre a maneira de se comunicar do Fed. A reunião do FOMC será
essa semana e alguns debates estão no ar para serem endereçados, como a maneira
de apresentar as perspectivas, ou previsões dos membros do comitê em relação a
taxa de juros (aqui: https://www.wsj.com/articles/fed-officials-wrestle-with-a-dot-plot-dilemma-11552901401?mod=itp_wsj&mod=&mod=djemITP_h).
No
Brasil, o governo segue trabalhando sua articulação política em prol da reforma
da previdência. Guedes fala em liberar verbas para angariar apoio: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/03/por-reforma-da-previdencia-guedes-oferece-a-parlamentares-repasses-federais.shtml.
O
IBC-Br ontem, uma espécie de PIB mensal, apresentou queda em fevereiro (https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/brasil-ibc-br-mais-um-numero-fraco-de.html).
Como tenho comentado neste fórum, a atividade econômica decepciona e merece atenção.
As expectativas de alta do PIB de 2% este ano já viraram teto e podem, em
breve, migrar para 1,5%. Isso ainda não altera as perspectivas positivas para o
país, mas merecem atenção (vide aqui: https://www.valor.com.br/brasil/6167393/decepcao-cresce-com-atividade-mais-lenta).
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