Governo se compromete com a Previdência. Emprego nos EUA mantém o alerta ligado.
Ontem
vimos um dia de pressão nos ativos de risco globais, mas um dia de melhora no
humor local. Vamos, de forma resumida, aos fatos:
No
Brasil, o governo e o presidente começaram a mostrar um maior compromisso em relação
a Reforma da Previdência. O presidente tem intensificado sua defesa à Reforma, enquanto
a ala política começa a trabalhar com maior afinco em torno do tema.
Reforço
minha visão de que o processo da Reforma está dentro do esperado. O governo
está em uma curva de aprendizado, que pode gerar ruídos pontuais, mas deve ser
endereçada e superada ao longo do tempo. A equipe econômica já mostrou,
diversas vezes, capacidade técnica e disposição para enfrentar os desafios que
o país enfrenta. Faltava a ala política mostrar capacidade e afinco. O presidente
deu seus primeiros passos em direção a utilizar seu capital político, sua
popularidade e seu maior ativo, a utilização das mídias sociais, em prol das
reformas econômicas.
Os
riscos existem e são basicamente ligados a execução desta agenda. Não podemos minimizar
os riscos de execução e os riscos políticos e econômicos que envolvem o país.
Deveremos conviver com alguma volatilidade e incerteza ao longo do tempo. Por ora,
contudo, ainda não me parece que há uma mudança estrutural de cenário.
A
recuperação dos ativos locais ontem está ligada aos fatos descritos acima, além
de um movimento de dólar mais fraco no mundo, que acabou ajudando um pouco os
ativos emergentes.
Nesta
frente, o destaque do dia ficou por conta dos dados do mercado de trabalho nos
EUA de fevereiro. Os números foram mistos e, na minha visão, muito poluídos por
questões pontuais. Sua leitura acabou ficando dificultadas. Grosso modo, vimos
uma criação de vagas de trabalho pífias no mês (20 mil postos), mas uma taxa de
desemprego ainda nos pisos históricos e um avanço expressivo dos rendimentos médios
reais, ou seja, um aumento das pressões salariais (pressão altista na
inflação).
Estes
números são condizentes com um estágio avançado do ciclo econômico, em que
começamos a ver uma desaceleração do crescimento, mas um efeito retardado do
emprego e das pressões de custos. Reafirmo que os números do mês de fevereiro
precisam ser analisados com cuidado e não podemos tirar conclusões
precipitadas. De qualquer forma, se acumulam evidências de um estágio avançado
do ciclo econômico nas economias desenvolvidas.
É por
este motivo que mantenho uma visão mais cautelosa e negativa com o cenário
internacional. Os números recentes de Alemanha, China e EUA apenas reforçam a
minha visão.
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