Brasil: Armistício, não um cessar fogo.
Os
ativos, no Brasil e no exterior, tiveram ontem um dia de elevada volatilidade.
Espero a manutenção desta dinâmica no curto-prazo.
No
Brasil, vimos algum sinal de armistício entre Executivo e Legislativo, com o
Executivo emitindo sinais mais positivos na figura de Paulo Guedes ao longo da
tarde, após reunião com o Presidente.
O
armistício é positivo vis-à-vis a situação caótica vista na sexta-feira e no
final de semana, mas ainda está longe de ser um cessar fogo ou um endereçamento
por completo dos problemas de articulação política.
Guedes
afirmou que o Governo e a Petrobrás estão próximos de assinar o acordo da
Cessão Onerosa, além de estarem focados na articulação para a Reforma da
Previdência.
Os
jornais de hoje trazem matérias desencontradas sobre o tema. No Valor: https://www.valor.com.br/politica/6181215/interlocutores-buscam-aparar-arestas-entre-bolsonaro-e-maia
e aqui https://www.valor.com.br/politica/6181267/maia-cede-e-camara-tenta-retomar-negociacao-de-pec.
Vale lembrar que o TRF2 proferiu
decisão para soltar o ex-presidente Michel Temer, o que ajuda um pouco o humor político.
Reforço minha visão dos últimos
dias:
O risco de execução do projeto econômico
sempre existiu e era o principal foco do mercado desde a vitória de Bolsonaro
nas eleições do ano passado. Comento isso praticamente todos os dias. Ao que
tudo indica, o governo ainda está em uma curva de aprendizado onde muita coisa
precisa ser endereçada.
Contudo, acredito que Maia esteja
adotando a postura correta, dando o caminho das pedras e as sinalizações
necessárias para que o caminho correto seja tomado por parte do governo.
Acredito que o governo precise fazer a sua parte, abaixando a temperatura da
situação e tomando um caminho mais coerente e coeso no tocante a articulação
política.
Aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/confusao-politica-no-brasil-e-elevacao.html
e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/brasil-crise-politica-permanece.html.
No campo econômico, a divulgação
das contas externas mostrou um quadro ainda bastante positivo e saudável desta rubrica
no Brasil. O déficit em conta corrente segue baixo para um país como o Brasil,
e vimos fluxos positivos na conta capital para renda fixa e renda variável em fevereiro.
O investimento estrangeiro direto continua robusto, chegando ao patamar próximo
de US$90bi em 12 meses. Em linha gerais, números saudáveis.
No tocante ao emprego, o CAGED
apresentou criação de vagar de trabalho acima do esperado, dando algum alento
ao crescimento do país após uma sequência de dados negativos. Ainda é cedo para
cantar vitória, pois um dado significa pouca coisa. Todavia, espero uma
recuperação gradual do crescimento e do emprego no país.
No cenário externo mantenho minha
visão cauteloso e cada vez mais negativa:
Continuo bastante cauteloso e preocupado
com o cenário internacional. Não acredito que o mercado irá embarcar, em linha
reta, em uma tendência negativa. Teremos volatilidade e tentativas de
recuperação, mas me parece cada vez mais claro que estamos no estágio final do
ciclo econômico e isso demanda posições externas mais defensivas.
Os dados de exportação de Hong
Kong mostram uma tendência de desaceleração da economia global, sem nenhum
sinal concreto de estabilização mais persistente:
Hong
Kong Exports -6.9% reflection of China Export engine. By country China -5.3%,
US -20.5%, Taiwan -26.5%, Japan -19.7%. Imports -3.8%. China -10.2%. US +14.9%
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