Brasil: Armistício, não um cessar fogo.


Os ativos, no Brasil e no exterior, tiveram ontem um dia de elevada volatilidade. Espero a manutenção desta dinâmica no curto-prazo.

No Brasil, vimos algum sinal de armistício entre Executivo e Legislativo, com o Executivo emitindo sinais mais positivos na figura de Paulo Guedes ao longo da tarde, após reunião com o Presidente.

O armistício é positivo vis-à-vis a situação caótica vista na sexta-feira e no final de semana, mas ainda está longe de ser um cessar fogo ou um endereçamento por completo dos problemas de articulação política.

Guedes afirmou que o Governo e a Petrobrás estão próximos de assinar o acordo da Cessão Onerosa, além de estarem focados na articulação para a Reforma da Previdência.



Vale lembrar que o TRF2 proferiu decisão para soltar o ex-presidente Michel Temer, o que ajuda um pouco o humor político.

Reforço minha visão dos últimos dias:

O risco de execução do projeto econômico sempre existiu e era o principal foco do mercado desde a vitória de Bolsonaro nas eleições do ano passado. Comento isso praticamente todos os dias. Ao que tudo indica, o governo ainda está em uma curva de aprendizado onde muita coisa precisa ser endereçada.

Contudo, acredito que Maia esteja adotando a postura correta, dando o caminho das pedras e as sinalizações necessárias para que o caminho correto seja tomado por parte do governo. Acredito que o governo precise fazer a sua parte, abaixando a temperatura da situação e tomando um caminho mais coerente e coeso no tocante a articulação política.


No campo econômico, a divulgação das contas externas mostrou um quadro ainda bastante positivo e saudável desta rubrica no Brasil. O déficit em conta corrente segue baixo para um país como o Brasil, e vimos fluxos positivos na conta capital para renda fixa e renda variável em fevereiro. O investimento estrangeiro direto continua robusto, chegando ao patamar próximo de US$90bi em 12 meses. Em linha gerais, números saudáveis.

No tocante ao emprego, o CAGED apresentou criação de vagar de trabalho acima do esperado, dando algum alento ao crescimento do país após uma sequência de dados negativos. Ainda é cedo para cantar vitória, pois um dado significa pouca coisa. Todavia, espero uma recuperação gradual do crescimento e do emprego no país.
No cenário externo mantenho minha visão cauteloso e cada vez mais negativa:

Continuo bastante cauteloso e preocupado com o cenário internacional. Não acredito que o mercado irá embarcar, em linha reta, em uma tendência negativa. Teremos volatilidade e tentativas de recuperação, mas me parece cada vez mais claro que estamos no estágio final do ciclo econômico e isso demanda posições externas mais defensivas.

Os dados de exportação de Hong Kong mostram uma tendência de desaceleração da economia global, sem nenhum sinal concreto de estabilização mais persistente:

Hong Kong Exports -6.9% reflection of China Export engine. By country China -5.3%, US -20.5%, Taiwan -26.5%, Japan -19.7%. Imports -3.8%. China -10.2%. US +14.9%

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