Brasil: Avante!


Os ativos de risco apresentaram ontem um dia e forte recuperação. No cenário local, dois vetores impulsionaram o movimento.

Primeiro, a melhora no fluxo de notícias, que cometei neste fórum amplamente desde fins da semana passada. Já havia alertado para a possibilidade de movimentos positivos na linha do ontem (vide aqui, https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/governo-se-compromete-com-previdencia.html e aqui https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/previdencia-china-e-acordo-comercial.html).

Não há novidades relevantes nesta frente, exceto por novos sinais de compromisso do governo com o avanço da Reforma da Previdência (vide artigo do Valor de hoje aqui, https://www.valor.com.br/politica/6155505/guedes-entra-na-negociacao-direta-com-parlamentares).

Assim, sigo otimista com o cenário estrutural para o país. Os ativos locais estavam operando em uma banda relativamente estreita. Conseguiram “segurar” no suporte da “banda de baixo” e agora voltam a níveis mais apreciados.

O Ibovespa, por exemplo, já está na parte superior de sua banda e pode, mas cedo ou mais tarde, ainda ajudado pelo interregno benigno do cenário externo, romper estes níveis. Para isso, precisará do avanço da reforma da previdência e de nenhum susto internacional (atenção ao Core CPI de hoje nos EUA).

Aqui vale um comentário. Vejo alguns bons economistas e analistas debaterem o risco de tentar avançar com duas PECs ao mesmo tempo, a da Previdência e a da Desvinculação do Orçamento. Eu não quero fazer, neste momento, juízo de valor sobre a questão. Acho cedo para esta análise. Acho que a equipe econômica e o governo, por mais que estejam em uma curva de aprendizado, sabem o que estão fazendo. Assim, ainda estou disposto a dar o benefício da dúvida e esperar qual a estratégia que está sendo desenhada. Entendo que caminhar com duas PECs paralelas seja um risco, mas também entendo que o governo saiba disso e não faria um movimento como este à toa.

De qualquer forma, todos sabemos que o maior risco para o país é a execução da agenda de reformas econômicas e este risco ainda existe e precisa ser monitorado.

No cenário internacional, vemos alguns sinais, mesmo que incipientes, de estabilização do crescimento, na China e na Europa, o que está ajudando a dar ímpeto ao movimento de melhora do humor global a risco. Assim, seguimos em um interregno benigno.

Nos EUA, as vendas no varejo de fevereiro apresentaram recuperação, mas se levadas em conta as revisões baixistas dos meses de anteriores, o número ficou aquém do esperado e já aponta para uma desaceleração razoável da economia. A abertura do indicador, seu quadro qualitativo, também pode ser classificada como negativa.

Contudo, a expectativa de manutenção de bancos centrais menos restritivos, um potencial acordo comercial entre China e EUA e estes sinais incipientes de estabilização global seguem dando ímpeto aos ativos de risco.

Soma-se a isso a notícia de um acordo para o Brexit na Inglaterra (vide aqui: https://www.ft.com/content/16f3d25a-444e-11e9-b168-96a37d002cd3?segmentId=778a3b31-0eac-c57a-a529-d296f5da8125).

Nos EUA, o governo divulgou sua proposta de orçamento para 2020, que deve iniciar mais uma fase complicada de negociações. A proposta, por ora, é pro-forma, mas abre um caminho de negociações à frente (vide aqui: https://www.wsj.com/articles/white-house-proposes-4-7-trillion-budget-for-fiscal-2020-11552319265?mod=itp_wsj&mod=&mod=djemITP_h), que está longe de ser um caminho tranquilo.

Sigo recomendando alocações em ativos no Brasil e a busca por hedges internacionais que sejam descorrelacionados e consigam comport portfólio com os ativos locais.



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