Confusão política no Brasil e elevação dos riscos externos.


A sexta-feira foi de forte pressão negativa nos ativos de risco. Dois vetores explicam o movimento. Primeiro, no Brasil, a instabilidade política. Segundo, no cenário internacional, os sinais cada vez mais inequívocos de desaceleração do crescimento. Vamos a eles:

Brasil – Política:

Rodrigo Maia está hoje em todos os jornais, após ter concedido entrevistas ontem para os principais meios de comunicação da imprensa. Maia cobra melhora na comunicação do governo e na articulação política.

Entendo que o mercado esteja lendo esses sinais como negativos, pois mostra que ainda estamos distantes do ideal no tocante a articulação política para a aprovação da Reforma da Previdência.

O risco de execução do projeto econômico sempre existiu e era o principal foco do mercado desde a vitória de Bolsonaro nas eleições do ano passado. Comento isso praticamente todos os dias. Ao que tudo indica, o governo ainda está em uma curva de aprendizado onde muita coisa precisa ser endereçada.

Contudo, acredito que Maia esteja adotando a postura correta, dando o caminho das pedras e as sinalizações necessárias para que o caminho correto seja tomado por parte do governo. Acredito que o governo precise fazer a sua parte, abaixando a temperatura da situação e tomando um caminho mais coerente e coeso no tocante a articulação política.

Ontem a noite mesmo já vimos sinais por parte do entorno do presidente nesta direção.

Teremos incerteza e volatilidade. O caminho será longo e tortuoso, mas ainda não estou disposto a abandonar minha expectativa de aprovação de uma reforma da previdência satisfatória.

Acredito que grande parte da recuperação dos ativos locais este ano seja fruto da recuperação externa e parte relevante desta piora recente também está sendo ajudada pela situação dos mercados externos. Ontem vimos forte deterioração da moeda da Turquia e da Argentina, além de forte queda das bolsas.

Externo – Crescimento:

Os fracos dados de crescimento da Alemanha já comentado na manhã de ontem foram a grande surpresa do dia (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/crescimento-global-europa-assusta.html).

Sou mais cauteloso e negativo com o cenário internacional há algum tempo. Houve reação exagerada no final do ano passado e, neste ano, na minha opinião, reação positiva também exagerada.

Acredito que o mundo esteja desacelerando. Não há sinais concretos de estabilização, como muitos esperavam. Podemos, em breve, passar por um período em que o mercado questione o poder de fogo dos instrumentos disponíveis pelos bancos centrais.

A inversão da curva de juros dos EUA (3 meses com 10 anos), os juros de 10 anos na Alemanha novamente em patamar negativo são sinais que não podem ser ignorados.


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