Brasil: Congresso busca protagonismo.
Os
ativos de risco apresentaram recuperação ontem e mantém viés positivo esta
manhã. No Brasil, vimos a bolsa seguir o ambiente externo, mas presenciamos uma
deterioração no câmbio e no mercado de juros.
Comentei
sobre a Ata do Copom ontem (aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2019/03/ata-do-copom.html).
O IPCA-15 de março ficou levemente
acima das expectativas, mas sua abertura mostrou um quadro qualitativo
positivo, com núcleos baixos, difusão controlada e serviços comportados. Não há
mudança no quadro de inflação baixa e perspectiva de Taxa Selic estável no horizonte
relevante de tempo.
No campo político, contudo, o
fluxo de noticias foi interessante na noite de ontem.
Por um lado, há sinais de avanço
da Reforma da Previdência na CCJ. Parece haver acordo para a relatoria, para a
ida de Guedes ao Comissão e para o avanço do processo de votação. Se tudo transcorrer
como o que foi dito ontem por membros do PSL, seria um sinal positivo em meio a
um oceano de incertezas.
Por outro lado, a Câmara, em uma
vitória acachapante, aprovou o que ficou conhecido como Orçamento Impositivo.
De maneira simples e resumida, o Governo é obrigado a cumprir todos os
investimentos do Orçamento, perdendo margem de manobra sobre os recursos da
União.
A aprovação, na verdade, leva
protagonismo ao Parlamento, tirando poder das mãos do Governo. É bem verdade
que até mesmo membros do PSL (e até um dos filhos do presidente) votaram a
favor da PEC, mas segundo especialistas políticos isso foi uma estratégia para
não soar como uma derrota, dado que a perspectiva já era bastante ruim para o
governo.
Acredito que no curto-prazo o mercado, a mídia e os analistas
políticos irão ler a derrota como mais um sinal de distanciamento do Governo e
do Congresso, e um ambiente político negativo para o país e para as reformas.
No longo-prazo, contudo, tenho dúvidas de que tirar protagonismo do Governo
seja ruim, contanto que o Congresso caminhe na direção das reformas e de projetos
que são essenciais para o país. Como Rodrigo Maia tem demonstrado que tem noção
dos problemas que enfrentamos e da necessidade de mudanças, pode ser que este
tipo de protagonismo do Congresso não seja de todo ruim, a longo-prazo.
É evidente que estamos em um novo
momento político do país. É natural termos volatilidade e incerteza. Só precisamos
ter a exata noção e entendimento do que está ocorrendo em termos políticos,
pois pode ser um ponto de inflexão importante nesta frente.
No cenário internacional, temos
poucas mudanças. Destaque ontem para a queda acima das expectativas nos
indicadores do setor imobiliário nos EUA e queda relevante do Consumer
Confidence. Os sinais de arrefecimento do crescimento se acumulam nos EUA. Mesmo
que a economia ainda se encontre em patamar saudável, o delta de desaceleração
pode, em algum momento, assustar o mercado.
O Banco Central da Nova Zelândia
sinalizou para um possível novo ciclo de queda de juros, seguindo os passos de
outros bancos centrais no mundo. A moeda do país apresenta desempenho negativo
esta manhã.
Continuo mais negativo e bastante preocupado
com o cenário internacional.
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