Atenção ao crescimento nos EUA. Política apresenta ruídos no Brasil.

Os ativos de risco estão operando sob leve pressão, após uma noite de realização de lucros nas bolsas da Ásia, lideradas pela China. O fluxo de notícias foi mais esvaziado. O mercado aguarda, agora, a decisão do ECB na Europa ainda pela manhã.

Nos EUA, alguns estão chamando a atenção para a menção no Beige Book divulgado ontem, em torno da desaceleração da economia do país e da fraqueza em setores chaves para o crescimento, como o setor de semicondutores. O documento, no geral, mostrou sinais de desaceleração econômica, mas ainda longe do que está sendo visto em outras regiões do mundo.

Nas últimas semanas tenho alertado para termos atenção na derivada de desaceleração dos EUA. Ainda não vejo um cenário de recessão, mas sim números um pouco mais mistos em uma economia que ainda se mostra saudável. Contudo, um “delta” de desaceleração maior pode mudar totalmente o cenário e a dinâmica dos mercados, acabando com o interregno benigno e o equilíbrio instável que temos observado neste início de ano. Um pouco disso já pode estar fazendo preço nos mercados nos últimos dias, com um movimento, ainda que tímido, de queda das bolsas globais.

No Brasil a Folha traz mais matérias que comprometem membros do partido do atual presidente (vide aqui: https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/03/ministro-me-chamou-para-ser-laranja-e-desviar-dinheiro-diz-candidata-do-psl.shtml).

Não há mudanças relevantes de cenário econômico no Brasil há alguns meses, exceto pela decepção no cenário de crescimento nas últimas semanas. O cenário político e, consequentemente, o avanço a agenda de reformas, estão dominando o noticiário, e assim deve permanecer (além dos eventos externos).

Nesta linha, eu tenho reforçado que o governo estava em uma curva de aprendizado, natural para um grupo político que ascendo ao poder pela primeira vez. Agora, contudo, passado o carnaval, o governo precisará acelerar o processo de aprendizado e apresentar avanços concretos na agenda econômica. Caso contrário, a “lua de mel” e a “paciência” do mercado irão se esgotar, e isso pode acontecer rapidamente e repentinamente.

Acredito que a agenda de agora até o meio do ano será fundamental para que o governo consolide sua posição como um governo liberal e reformista. Ainda tenho esperanças e uma enorme expectativa nesta frente, mas o foco do Presidente precisa estar voltado para está área. O processo de negociação e debate é normal e faz parte de um país democrático e republicado. Contudo, o Presidente e o Governo precisam estar focados nas reformas, deixando de lado questões menores e menos importantes para o país. O governo detém as ferramentas e a disposição para isso, como já demonstrou diversas vezes. Só falta organização política e foco.