Sobre a bolsa norte americana.


Os ativos de risco estão apresentando recuperação esta manhã, liderados por uma alta de cerca de 1% (neste momento) nos futuros dos índices de bolsa dos EUA. Não há nada de fundamentalmente novo no cenário, o que me leva a crer que estamos diante de um movimento técnico, cuja explicação foge um pouco do campo fundamental. Comentei sobre os vetores que estavam pressionando os mercados nos últimos dias aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/risk-off_10.html.
Não tenho convicção, pelo menos ainda, se estamos diante de uma correção mais acentuada e duradoura, ou apenas diante de uma correção normal, natural dos ciclos, como aquela observada em fevereiro deste ano. Normalmente, mesmo que esta seja apenas uma correção pontual, estes movimentos costumam durar algumas poucas semanas, mas não poucos dias, com a manutenção de uma volatilidade elevada neste período e sem grandes tendências claras.
No nível abaixo de 2.800 pontos, apenas para pegar o S&P como exemplo, já existe algum valor no tocante a “valuation”, mas será extremamente importante analisar os resultados corporativos do último trimestre e os “guidance” que serão dados pelas empresas. Caso haja uma decepção grande nesta frente, não podemos descartar movimentos mais bruscos e acentuados de queda nas bolsas. Uma temporada de resultados tranquila, por outro lado, deveria dar sustentação aos preços.
Nos últimos dias, ainda neste espaço das bolsas dos EUA, vimos alguma rotação para “valor” em detrimento a “crescimento” e “tech”, que foram os grandes lideres do movimento de alta ao longo deste ano e de todo este “bull Market” deste a crise de 2008. Ainda é cedo para acreditar no renascimento do setor de “valor”, mas acho que mais cedo ou mais tarde, este tipo de rotação terá que ocorrer de maneira mais estrutural.
No campo econômico, o Core CPI de setembro divulgado ontem ficou abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,1% MoM. O número afasta a necessidade de uma aceleração do processo de normalização monetária nos EUA, mas também não altera a necessidade de um processo de normalização gradual, ou seja, não deve tirar o Fed de seu “plano de voo”.
No Brasil, as vendas no varejo surpreenderam positivamente as expectativas. Algumas questões pontuai ajudaram as vendas em agosto. O cenário para o crescimento do país ainda é incerto, mas poderá ganhar algum suporte caso ganhe corpo a ideia de que no campo econômico um provável governo de Bolsonaro consiga implementar medidas de reforma e desburocratização.
Em termos de posição/recomendação, gosto de compra de calls de Ibovespa contra compra de puts de HY. Posição tomada em juros no mundo desenvolvido contra calls de JPY. E uma posição direcional comprada em inflação implícita no Brasil. Estou esperando o momento certo para tomar juros mais curtos no Brasil. Este é um portfólio mais balanceado, em linha com a minha visão global mais conservadora. Aqueles que não tem acesso há alguns destes ativos podem alocar através de “proxys” nos mercado local.


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