Reflexões do final de semana. Pontos negativos superam os pontos positivos.


Este é aquele momento da semana que gosto de repensar os principais temas de mercado que, na minha opinião, estão ditando o ritmo dos ativos de risco. Vamos a eles:
Brasil – Política: A equipe econômica de Bolsonaro continua em uma tentativa de manter uma “agenda positiva”. A novidade da vez seria a potencial manutenção de alguns membros da equipe econômica, como Mansueto, muito bem visto pelo mercado. Além disso, a mídia fala em uma agenda econômica positiva que seria apresentada nos primeiros 100 dias de governo.
Acredito que existe disposição de implementar uma agenda econômica positiva e, dado a configuração atual do Congresso, uma possibilidade real e concreta dessa agenda ser aprovada pelo Congresso. Assim, o viés nesta área é positivo no curto-prazo.
Contudo, ainda me espanto com algumas dicotomias da agenda que vem sendo apresentada na mídia. Fala-se em cortar imposto de importação, aumentar a desoneração da folha de pagamento, dar décimo terceiro ao Bolsa Família, não mexer na previdência de militares, entre outros. Como conseguir tudo isso em um país que precisa urgente de uma Reforma da Previdência ampla para frear o aumento da dívida/PIB? Por ora, essa conta não está fechando. Precisaremos de mais visibilidade nesta frente.
O TSE pediu explicações ao candidato Bolsonaro em torno das acusações de que ele teria utilizado empresas de disparo de mensagens o Whatsapp. Acredito que isso seja ruído e não deverá alterar o curso da campanha.
Arábia Saudita: O país confirmou a morte do jornalista do Washington Post. Segundo a versão oficial, ele foi morto após uma briga/discussão. A comunidade internacional está criticando a versão dos fatos. A bolsa do país cai cerca de 4% neste momento. Os EUA adotam postura mais dura, principalmente o Congresso Americano. Trump tenta caminhar uma linha tênue entre a crítica dura aos eventos, mas a importância da relação entre os dois países, tanto em termos comerciais, como no tocante ao combate ao terrorismo na região.
Este evento continua a ser um vetor negativo para o humor global a risco no curto-prazo.
EUA vs Rússia – Acordo Nuclear: Os EUA estão sinalizando que pretendem sair de um acordo de não proliferação nuclear assinado em 1987. Caso isso ocorra, vejo pouco impacto efetivo de curto-prazo, mas será mais um passo na direção de um mundo mais combativo. Provavelmente iremos voltar a uma “corrida armamentista” de maneira oficial, aos moldes daquele observado no período da Guerra Fria.
Este novo vetor traz mais um viés negativo ao cenário de curto-prazo.
Itália – Orçamento: O governo italiano confirmou que pretende permanecer na União Européia, mas que pretende dar seguimento a sua proposta de déficit fiscal de 2,4%para 2019. A Bloco já sinalizou que este déficit está fora do permitido por lei. Não há sinais de arrefecimento neste confronto. Pelo tamanho da economia da Itália, pelo tamanho de sua dívida e pela exposição da Europa ao país, este vetor continua sendo um dos grandes riscos aos mercados financeiros globais no curto-prazo.
Inglaterra – Brexit: Há sinais de avanço nas negociações para uma saída amigável da Inglaterra do Bloco. Ainda é cedo para “cantar vitória”, mas é um sinal positivo em meio a um mar de incertezas globais.
China: Os dados de sexta-feira mostraram sinais mistos da economia. Os otimistas apontam para os sinais de estabilização do crescimento, os pessimistas falam em sinais ainda ambíguos e apontam para ausência de uma recuperação mais robusta, mesmo após uma série de medidas já anunciadas e implementadas. Na minha visão, a China continua a ser uma fonte de incerteza e os riscos aqui seguem bastante elevados.
Libor-OIS: Voltamos a observar uma abertura deste spread. Geralmente, este tipo de movimento aponta na direção de aumento de risco no setor financeiro. Por vezes, contudo, questões técnicas afetam este indicador. Por ora, parece que o movimento é técnico e não fundamental, mas precisará ser observado nos próximos dias.
Vendas de automóveis: recentemente vimos uma forte queda nas vendas de automóveis ao redor do mundo, em vários países e regiões. Este é um sinal negativo e preocupante no tocante ao crescimento global.
Austrália – Eleição: O partido da oposição perdeu a maioria no Congresso. Novas eleições para primeiro ministro deverão ser anunciadas mais cedo ou mais tarde. O país entra agora em um momento de maior incerteza política.
Bolsas Globais: Continuamos a ver sinais bastante negativos no tocante ao desempenho de alguns setores da bolsa, como a forte pressão nos bancos na Europa e nos EUA, a fraqueza do setor de tecnologia nos EUA e um desempenho pífio no setor de Autos. Ainda não há sinais de estabilização destas tendência.

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