Risk-Off!


O dia foi marcado por forte pressão nos ativos de risco, liderados por uma queda entre 3,5% e 5% dos índices de bolsa nos EUA. Podemos atribuir a queda ao acumulo de “ventos contrários” (headwinds) ao cenário, entre eles:

- Novos sinais de pressões inflacionários no mundo, mas em especial nos EUA com a divulgação do PPI de setembro;

- A situação ainda de fragilidade da economia e dos mercados na China;

- Sinais de desaceleração do crescimento global ex-EUA;

- Ausência de solução para as questões fiscais na Itália;

- Uma sequência de baixa demanda por títulos da dívida dos EUA (Treasuries) nos leilões semanais (hoje tivemos leilões de 3 e 10 anos) em  um momento de aumento de oferta e redução do balanço do Fed;

- E, finalmente, hoje, alguns “profit warnings” do setor corporativo nos EUA. O JP Morgan comentou o seguinte sobre este tema: US stocks are coming for sale and the slump feels largely a function of earnings anxieties.  The warnings from PPG, TSE, and VAT Group, along w/the post-earnings weakness in FAST and LVMH (the latter in Europe), is souring the mood on the eve of the CQ3 season.   The sample size is still too small to draw any firm conclusions on CQ3 overall but this had been the one issue (earnings) that investors weren’t nervous about and if the SPX now needs to grapple w/the ongoing macro overhangs (Italy, China, and TSY yields) along w/earnings problems that will create a toxic combination over the coming weeks. 

Minha visão em relação ao cenário externo segue mais cautelosa e negativa, mas entendo que os preços atuais já estejam um pouco mais alinhados a este pano de fundo. De qualquer maneira, em um momento de estágio final do ciclo econômico, todo cuidado é necessário. Além disso, movimentos como o de hoje (e dos últimos dias) dificilmente são endereçados, ou estabilizados, no curto-espaço de tempo. Neste ínterim, deveremos conviver com mais volatilidade e incerteza, muito parecido com o que vimos em fevereiro deste ano.

No Brasil simplesmente seguiu o humor global a risco. Comentei sobre este risco em um texto no começo desta semana, aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/as-arvores-e-floresta-forte-sell-off-na.html.

Em relação a minha visão por classes de ativos no Brasil, mantenho meu comentário de hoje cedo, que pode ser revisto aqui: https://mercadosglobais.blogspot.com/2018/10/brasil-equipe-de-bolsonaro-da-pistas-de.html.

Em relação ao cenário externo, continuo gostando do tema de alta global de juros. Reduzimos os hedges via venda de bolsa norte americana por nível e devido a alta da volatilidade implícita, mas mantivemos proteções via opções de compra de JPY (moeda do Japão) cuja vol implícita parece mais distorcida e o nível da moeda mais “errado” para este ambiente e puts de “bonds high yields (HY)”.

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