Inflação global ganha tração.


Os índices de bolsa dos EUA e Europa estão ameaçando uma recuperação essa manhã, mas o movimento ainda me parece tímido. Os sinais vindos de outros cantos do mercado, como a queda das commodities metálicas não preciosas e a alta das metálicas preciosas ainda mostram sinais de fragilidade do humor global a risco.
Por ora, os resultados corporativos nos EUA ainda não estão impressionando os investidores, com a maioria das ações que divulgaram resultados, mesmo que o universo ainda seja pequeno, apresentando desempenho ruim após as divulgações.
A divulgação das vendas no varejo nos EUA ontem ficou abaixo das expectativas do mercado, mas alteraram pouco as perspectivas para o crescimento do país.
O destaque desta manhã está por conta dos indicadores de inflação:
- Na Nova Zelândia, a inflação ficou muito acima das expectativas do terceiro trimestre. Mesmo que os indicadores subjacentes ainda mostrem estarem controlados, os sinais de pressões inflacionárias são nítidos.
- Na China o CPI passou a 2,5% YoY, em linha com as expectativas, mas uma alta dos 2,3% YoY o mês anterior. A inflação ainda não se apresenta como uma restrição a politica monetária, fiscal e creditícia mais frouxas, porém está uma clara tendência de alta.
 - Na Inglaterra os salários subiram 3,1% 3M/Y, muito acima das expectativas e mesmo com os números de emprego mais baixos. Eu gosto de olhar o país pois acredito que ele esteja em uma fase do ciclo econômico semelhante aos EUA. As pressões inflacionárias no país são evidentes.
De maneira geral, estes números reforçam a visão de que estamos em uma nova fase do ciclo econômico global, em que o crescimento fez seu pico, mesmo que não se desacelera de maneira mais contundente, mas a inflação fez seu piso e mostra sinais cada vez mais claros de aceleração. Este pano de fundo deverá manter os principais bancos centrais em seu projeto de normalização monetária, se mostrando uma restrição para o bom desempenho estrutural dos ativos de risco, como já vem sendo regra ao longo deste ano.
No Brasil, confesso que estou surpreso com a velocidade e magnitude da queda do dólar, do fechamento das taxas de juros, o flattening da curva e da queda nas inflações implícitas. Eu acreditava que este movimento pudesse ocorrer e que a “lua de mel” de um eventual governo Bolsonaro pudesse ter alguma durabilidade, mas não esperava que seria de maneira tão rápida e acentuada.
Eu não vejo grandes prêmios na curva de juros, pois acredito que o próximo ciclo será de elevação da Taxa Selic. Acredito que as inflações implícitas em torno de 4,5% estejam excessivamente baixas. De qualquer maneira, entendo e respeito o movimento, e não sei dizer ao certo até que ponto ele continuar. Vejo um quadro técnico pior, com grande parte dos fundos locais já posicionados nessa direção.
A Folha traz uma matéria do ponto do debate econômico que se encontra Paulo Guedes e seus colaboradores: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/10/paulo-guedes-trabalha-na-criacao-de-uma-reforma-fiscal-mais-abrangente.shtml.



Comentários

  1. Também estou surpreso com a magnitude da descompressão dos prêmios nas taxas longas. Você acha que o mercado já está precificando uma possível aprovação de reformas estruturais pelo governo ano que vem?

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