Sinais de estabilização e diferenciação.

Passei o dia visitando alguns clientes institucionais, de tamanhos médios e grandes. Vejo uma propensão a tomar mais risco com os juros mais baixos, especialmente no mercado de renda variável e juros longos (NTN-B), especialmente após a abertura recente de taxas. Há um claro interesse por diversificação em ativos no exterior, mas com um claro receio do risco cambial.

No tocante aos mercados financeiros locais e globais, tivemos mais um dia sem grandes novidades nos cenários. No Brasil, o foco está na Reforma da Previdência. Segundo a mídia, o PSDB irá fechar questão em favor da Reforma. De qualquer maneira, a probabilidade de aprovação de qualquer reforma ainda é baixa e está pouco precificada pelos ativos locais. No tocante ao cenário economico, acha válido citar que as coletas de inflação seguem sugerindo um inflação corrente e perspectiva baixas. Muitos esperavam um “repique” da inflação, que não está se concretizando. No que tange ao crescimento, a recuperação continua, mas o cenário segue de um processo extremamente gradual de recuperação do crescimento.

Neste ambiente, e após a correção recente no preço dos ativos locais, me parece haver uma assimetria ainda mais positiva na parte intermediária das curvas nominais e reais de juros. Ainda vejo uma Taxa Selic em 7%, ou abaixo, e por tempo considerável de tempo. Entendo que teremos mais volatilidade de agora em diante, dando o estágio do ciclo, e que ganhos de capital tendem a ser mais difíceis. Contudo, ainda vejo espaço para uma compressão relevante nas taxas locais de juros de mercado.

Os mercados financeiros globais mostraram sinais de estabilização nos últimos dias, especialmente os mercados EM. A dinâmica do mercado me leva a crer que um ajuste de posições relevante já ocorreu e a posição técnica e os preços estejam mais balanceados. De qualquer maneira, ainda espero uma volatilidade maior nas próximas semanas, especialmente com a proximidade do final do ano.

Vale destacar que a despeito da ausência de tendências claras nos mercados, ou grandes teses de investimentos no momento, já começam a aparecer sinais de diferenciação entre classes de ativos e ativos de países diferentes. Apenas como exemplo, nos últimos dias, vimos uma recuperação das moedas EM, ao mesmo tempo em que o EUR subia e o AUD continuava pressionado. Acredito que na ausência de grandes choques e/ou rupturas, podemos vivenciar um mercado de maior diferenciação. Consigo ver, por exemplo, uma performance positiva das bolsas EM mesmo com o S&P “de lado” ou em leve queda. Obviamente, cenários de volatilidade mais elevada e correções mais acentuadas tendem a virar “risk-off” mais clássicos. Ainda não vejo motivos econômicos para isso, mas a posição técnica em alguns mercados ainda preocupa.

Para finalizar pela semana, ainda vejo o BRL em um grande range, agora um pouco mais largo, entre 3,10-3,35. Ainda vejo espaço para alocações no mercado de renda variável local nos atuais preços.

Continuo seguindo os desdobramentos na China e as taxas de juros nos EUA como riscos ao cenário base. Por ora, ainda vejo um curto-prazo (3 meses) sem grandes desdobramentos nestas frentes. De qualquer maneira, continuo tomado em juros nos EUA, com alguma compra de vol em equities como hedge, e uma posição, nos atuais níveis, menor vendido em AUD. Essas posições foram taticamente reduzidas no meio da semana.


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