Risk-on externo, realização local.

Os ativos de risco tiveram uma sexta-feira positiva, em um movimento clássico que misturou “Risk-On” com “Reflation”. O pano de fundo que venho descrevendo neste fórum nos últimos dias, e vem sendo reforçado pelos dados econômicos (crescimento robusto, inflação em alta porém contida, normalização monetária gradual e etc) ainda foi ajudado pela notícia de que o “Black Friday” nos EUA – o dia mais importante do ano para o setor de consumo do país - acabo sendo bastante positivo para a economia, favorecendo o setor de consumo/varejo na bolsa e ratificando um quadro favorável ao crescimento do país. Ainda vejo um cenário construtivo para a economia mundial nas próximas semanas, com um misto de “Reflation” com “Goldilocks”.

Como risco no cenário externo, continuo observando os desenvolvimentos na China, especialmente o processo de desalavancagem da economia, que vem elevando as taxas de juros do país e afetando o humor do mercado de renda variável local, além do processo de desaceleração do crescimento. Por ora, estes dois processos, que vem ocorrendo de maneira correlata, estão bastante localizados, não gerando contágio para o resto do mundo,  e estão sendo bem administrados pelo governo local. O cenário base é de continuidade deste cenário. Contudo, não podemos descartar momentos pontuais de maior stress e algum contágio passageiro ao resto do mundo.

No EUA, precisamos acompanhar os próximos números de inflação e emprego, para confirmar que o processo de normalização monetária permanecerá gradual, como vem sendo até o momento. Não descarto momentos temporários de abertura mais rápida e acentuada de taxas de juros, afetando o humor global a risco pontualmente. O processo de alta das taxas de juros do país tem sido exatamente assim. Altas de 20bps a 30bps nas taxas intermediárias e longas em curto espaço de tempo, afetando o humor global a risco, seguidos de períodos de acomodação em novo patamar para depois novas aberturas ocorrerem. Acredito que o cenário central ainda seja de manutenção desta dinâmica.

Os ativos no Brasil acabaram apresentando uma sexta-feira de realizações de lucro. Os ruídos envolvendo a Reforma da Previdência e a notícia da internação do Presidente Temer para uma cirurgia acabaram afetando o humor em relação aos ativos do país. Ainda vejo um cenário cíclico bastante positivo para a economia. No nosso monitoramento da posição técnica, os fundos locais parecem estar com posições muito menores do que aquelas que vigoraram ao longo do ano, o que deixa o quadro técnico também positivo em níveis de preços mais atraentes após as correções recentes.

Na noite de sexta-feira, a mídia informou que o STF encaminhou ao STJ os inquéritos, que estão em segredo de justiça, envolvendo o governador de São Paulo e, hoje, principal figura do PSDB. Reforço o que venho descrevendo aqui há meses: Ainda acho extremamente cedo para tentarmos fazer uma conjuntura concreta em relação as eleições presidenciais de 2018. Ainda há muita água para rolar. Contudo, é natural que o mercado reaja de maneira pontual a qualquer tipo de notícia nesta frente, positiva ou negativa. De maneira geral, prefiro focar nos fundamentos econômicos e no cenário externa em busca das grandes teses de investimentos.

O Estadão afirma que Temer articula uma ampla chapa de centro para as eleições: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,temer-negocia-frente-de-siglas-para-disputa-de-2018,70002096729.


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