Dinâmica dos ativos no Brasil continua ruim.
O dia foi de pouca
movimentação para o cenário e os mercados externos. Nos EUA, como era
amplamente esperado, o Fed manteve sua política monetária estável, promovendo
apenas pequenas alterações em seu comunicado. O ADP Employment – último indicador
antecedente para os dados oficiais de emprego nos EUA – apresentou robusta criação
de vagas de trabalho em outubro, enquanto o ISM Manufacturing mostrou leve
recuo, mas ainda se manteve em patamar robusto e condizente com um crescimento
sólido da economia. Finalmente, a mídia voltou a afirmar que Powell será o
escolhido para ser o novo presidente do Fed, anuncia já amplamente esperado
pelo mercado.
De maneira geral, o cenário
para economia dos EUA segue evoluindo na direção de um crescimento robusto, um
hiato do produto fechado e um mercado de trabalho em pleno emprego. A principal
consequência disso é que veremos um processo estrutural de aumento dos
rendimentos e, mais cedo ou mais tarde, alta na inflação, o que deverá levar a
um longo processo de normalização monetária no país. Ainda vejo uma abertura
das taxas de juros nos EUA como um processo apenas em seu início.
No Brasil, a dinâmica
dos ativos locais continua extremamente ruim, especialmente o mercado de juros
e renda variável, onde a posição técnica parece mais comprometida no
curto-prazo. Não vejo uma mudança definitiva de cenário para as principais variáveis
da economia, mas entendo que a incerteza do cenário externo, a posição técnica e
o nível de preços estejam ajudando o movimento de realização de lucros nas
últimas semanas.
O mercado parece não
apresentar “momentum”, ou “trigger”, para mudança desta dinâmica. Em suma,
ainda vejo um curto-prazo mais volátil e incerto, mas ainda não estou preparado
para alterar minha visão construtiva de médio-prazo. Acho que o momento seja
oportuno de elevar cautelosamente a exposição em alguns ativos, mas mantendo a
disciplina de stops ou instrumentos para caso o cenário esteja realmente se
alterado (o que não é meu cenário base).
Vale comentar que o
mercado de renda variável está reagindo de maneira bastante negativa a
temporada de resultados corporativos, mesmo que esta temporada não esteja sendo
ruim (pelo contrário, na média, vemos números razoáveis e guidances positivos).
O problema me parece, realmente, a falta de fluxos adicionais, em meio a um
cenário externo mais incerto, preços menos atrativos e posição técnica mais
comprometida. A sazonalidade de final de ano também prejudica a tomada
adicional de risco, mesmo que seja sazonalmente um período positivo para os
ativos de risco como um todo.
No mercado de juros,
a posição técnica e o potencial fim do processo de queda da Taxa Selic, em meio
a juros mais elevados no mundo desenvolvido, parece ser o principal impecílio
para o bom desempenho do mercado. Ainda há amplo espaço para o mercado
descomprimir prêmios de alta de juros em 2018, mas claramente não será um
processo linear, tampouco rápido, mas deverá ocorrer ao longo do tempo,
conforme o mercado for ganhando confiança na visão de juros mais baixos por
mais tempo. Os grandes ganhos no mercado de juros no Brasil, sem dúvida,
ficaram para trás.
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