Relatório Mensal de Asset Allocation:

Ao longo do mês, o cenário de um crescimento global robusto ficou mais evidente. Em alguns países, vimos sinais de acomodação mas, nas grandes economias, EUA e Europa em especial, os dados continuam robustos. Apenas para citar alguns exemplos, foram divulgados dados positivos do PIB nos EUA, assim como durable goods orders (pedidos de bens duráveis) fortes, em um sinal mais consolidado de aumento dos investimentos no país. Na Europa, os sinais são na mesma direção, com PMIs em níveis ainda elevados e índices de confiança bastante fortes.

O foco deste final de ano ficará por conta do avanço (ou não) da agenda legislativa nos EUA, e para os dados de inflação e emprego no país. Os avanços nestas frentes serão fundamentais para a dinâmica dos ativos de risco neste último trimestre do ano.

A China segue um cenário de estabilidade. O processo de reformas deverá continuar. Assim, poderemos ver uma desaceleração gradual do país, ao mesmo tempo em que uma grande mudança da composição da economia ocorre. A “velha China”, voltada para os investimentos, está dando lugar a “nova China”, voltada para consumo, tecnologia, saúde e etc. Todos os países emergentes que amadureceram passaram por processos semelhantes. Esse processo deverá ter impactos não desprezíveis nos principais parceiros comerciais chinesas, assim como em algumas classes de ativos.

O mundo emergente está mais disperso, com histórias boas e outras menos positivas. O preço e a dinâmica dos ativos vêm refletindo isso. Não achamos que seja o escopo deste fórum tratar de temas e economias menores, exceto quando essas geram contágio para o cenário macro global.

O Brasil segue com o mesmo pano de fundo de recuperação cíclica da economia que, para se tornar estrutural, depende de reformas econômicas. A inflação parece ter feito seu piso, mas segue abaixo da meta. As perspectivas para 2018 ainda são positivas, de inflação baixa. O crescimento mostra recuperação, mas ainda esperamos um processo apenas gradual de recuperação da economia (um pouco abaixo 3% no ano que vem). As contas externas estão saudáveis. Alguma deterioração é esperada, mas em função da recuperação econômica (mais importações) e do nível mais apreciado do câmbio. O quadro fiscal continua a ser o calcanhar de Aquiles do país. Alguma melhora cíclica ocorrerá em 2018, mas melhoras de longo-prazo dependem das reformas.

Alocação/Estratégia:

Gostamos da parte intermediária da curva de juros local, mas entendemos que a compressão dos prêmios de alta de juros no ano que vem só se realizará ao longo do tempo, e não de forma instantânea. A política monetária local tem tudo para se tornar um driver menos importante para os mercados nos próximos meses, dado o nosso cenário de juros mais baixos por mais tempo. Acreditamos que o BRL deverá manter-se em um range, mesmo que mais largo que o anterior. Contudo o cenário externo será fundamental nas próximas semanas. A bolsa ainda nos parece ser o ativo com mais apelo para alocações devido aos vetores já citados no anteriormente (recuperação cíclica da economia, juros mais baixos, cenário externo favorável para esta classe de ativo e posição técnica ainda saudável).

Para fundos de alocação, ainda achamos que faz sentido manter posições overweight em Renda Variável. Na parcela de renda fixa, gostamos de um mix de IRFM-1+ (em torno de 4 anos de duration) com um pouco de inflação curta (IMA-B5), pelo carrego de curto-prazo, e um pouco de inflação longa (IMA-B5+), pelas taxas longas ainda elevadas. Será cada vez mais importante uma mudança de fundos de renda fixa para multimercados, em busca de um “alpha” mais ativo em um período de CDI mais baixo. A escolha dos gestores em renda variável também será fundamental em um ambiente em que existe discrepância enorme entre o preço e o valuation das ações locais.

Fundo Icatu Vanguarda Macro Fundo de Investimento Multimercado:

O Fundo trocou exposição a parte curta da curva de juros nominais pela parte intermediária e longa da curva de juros reais. Continuamos com exposição ao tema de juros mais baixos por mais tempo no Brasil. Ainda vemos espaço para o fechamento das taxas intermediárias de juros no país, ajudadas por um cenário de inflação baixa, expectativas de inflação ancoradas, crescimento fragilizado e demais variáveis estáveis.

Mantemos posição comprada em bolsa local na maior parte do mês. Reduzimos a posição na primeira quinzena do mês por sensibilidade a preço e ao cenário externo. Devemos continuar buscando posições nesta direção ao longo dos próximos meses.

Continuamos sem exposição estrutural relevante no mercado local de câmbio, mas nosso viés é de uma taxa de câmbio não muito acima dos 3,30 verificados ao longo do mês. Aumentamos a posição vendida em Dólar Australiano.

Mantemos posição tomada nas curvas longas de juros de alguns países de G10. Adicionamos pequenas posições compradas em volatilidade tanto no mercado de juros dos EUA quanto no mercado de bolsa do país. Acreditamos que o processo de normalização monetária nas principais economias do mundo irá continuar, mesmo que de forma gradual. Acreditamos que pouco disso esteja precificado nas curvas longas de juros. Além disso, vemos uma assimetria razoável na compra de volatilidade em algumas classes de ativos do exterior.

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