The ugly path to Beautiful Reflation.
Estamos observando
mais um dia de forte pressão nos ativos emergentes em geral e no Brasil, em
especial. Vou me referir neste comentário ao Brasil, mas acredito que grande
parte do que escreverei pode ser refletido na maior parte dos demais países emergentes.
O dia foi marcado
pela divulgação dos dados de emprego de outubro nos EUA. Os números mostraram
uma criação robusta de vagas de trabalho, uma taxa de desemprego em queda e um
crescimento ainda contido dos rendimentos dos trabalhadores. Os números ainda podem
estar sofrendo os efeitos das tragédias naturais que afetaram o país ao longo
do mês.
De maneira geral,
minha leitura continua a ser de um mercado de trabalho sólido, já ultrapassando
o pleno emprego. Contudo, a velocidade ainda gradual de aceleração dos
rendimentos traz poucas pressões inflacionarias de curto-prazo, o que garante
que o processo de normalização monetária no país será gradual.
Dito tudo isso, vejo
um cenário ainda construtivo para a economia mundial neste final de ano. Os riscos
existem e devem ser monitorados, como uma eventual aceleração mais rápida da
inflação. Todavia, por ora, este problema ainda não se materializou.
Então, como explicar
a terrível dinâmica dos ativos emergentes nas últimas semanas? Acredito que
seja um problema de posição técnica, nível de preços e sazonalidade. O mercado
ficou excessivamente otimista com o cenário, as posições foram se acumulando em
um momento de final de ano em que o P&L precisava ser defendido. Aliado a
isso tudo, cresceu o receio em torno da necessidade de uma política monetária
mais apertada no mundo desenvolvido, o que acabou funcionando como trigger para
a correção dos ativos emergentes. Alguns problemas pontuais e localizados em
alguns países emergentes também não favoreceram o humor do mercado.
Acredito que a última
rodada de deterioração seja totalmente explicada pelo técnico do mercado.
Acredito que valores foram criados em várias classes de ativos. Ainda vejo um cenário
de crescimento global robusto, inflação contida no mundo e normalização monetária
gradual nas economias desenvolvidas seja um pano de fundo positivo para as
economias emergentes. Vale lembrar que os fundamentos desses países, como o
Brasil, continuam positivo, com crescimento ciclicamente mais forte, inflação
baixa, juros baixos e contas externas mais robustas.
Acho válido respeita
a dinâmica do mercado no curto-prazo, como tenho escrito diariamente neste
fórum, mas não vejo motivos claros para alterar a visão de longo-prazo da
economia local e/ou global.
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