Cenário Construtivo [UPDATED]
Os ativos locais continuam muito sensíveis aos “headlines” envolvendo a Reforma da
Previdência, como era de certa forma esperado. Contudo, não podemos perder de
vista os desenvolvimentos externos (já comentados hoje pela manhã aqui https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/cenario-construtivo.html)
e a confirmação de um cenário econômico doméstico positivo.
O IPCA-15 de novembro apresentou alta de 0,32% MoM e 2,77% YoY,
cerca de 6bps abaixo das expectativas do mercado. O quadro qualitativo do
indicador também foi positivo, com núcleos e difusão declinantes, além de uma
inflação de serviços extremamente contida. À primeira vista, a diferença de
6bps pode parecer pequena, mas em um contexto em que a inflação corrente já
apresentou uma surpresa positiva para o final do ano de quase 40bps, acaba
confirmando um ambiente muito benigno para a inflação. O mercado esperava cerca
de 3,30% de IPCA para este ano há poucas semanas atrás. As surpresas recentes
levaram a uma previsão abaixo de 3,00% para o IPCA de fechamento de 2017.
Este cenário ajuda a “reancorar” a curva local de juros, dando ímpeto
ao mercado a precificar uma Taxa Selic abaixo de 7% e, principalmente, começar
a precificar juros baixos por mais tempo. Este cenário ainda não está
precificado na curva local de juros, que continua com prêmios que acredito
serem excessivos de alta de juros em 2018. Além disso, a perspectiva de juros
mais baixos ajuda na dinâmica da curva de juros, nos fluxos para o país e na
realocação de portfólios para ativos de mais risco, como a bolsa e o mercado de
juros mais longos que, nos atuais níveis, já apresentam prêmios relevantes.
As contas externas de outubro voltaram a surpreender
positivamente, com uma conte corrente com déficit ínfimo de cerca de 0,5% do
PIB, além de Investimentos Estrangeiros Diretos robustos e alguma demanda mais
expressiva na conta Portfólio. As contas externas mostram um quadro de absoluta
tranquilidade para o câmbio, que pode acabar ganhando ímpeto caso as emissões
de ações e dívida externa corporativa programadas para este final de ano de
fato ocorram. O BRL deve seguir o humor global em relação ao USD no mundo, como
é natural ocorrer ao longo do tempo, mas dado o cenário de contas externas, a
moeda parece de certa forma “blindada” de depreciações exageradas.
De maneira geral, segue um cenário externo estável e
construtivo, em meio a um cenário local em que se consolida uma situação
cíclica mais confortável em quase todas as frentes: Crescimento e emprego em
recuperação gradual, inflação baixa e contida, juros em queda e perspectivas de
juros baixos por mais tempo, contas externas saudáveis e “risco positivo” se
aprovação da reforma da previdência.
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