EM em foco.
Os ativos de risco foram
marcados ontem por uma continuidade do movimento de fortalecimento do dólar no
mundo, mais concentrado nas moedas emergentes. O BRL, no Brasil, acabou
seguindo o humor global a risco. A despeito desses movimentos, vimos alguma
estabilização do mercado de Juros Emergentes. O destaque negativo ficou por
conta da forte queda do Ibovespa, sem motivos aparentes, já que seus pares
emergentes não apresentaram dinâmica similar. Continuo vendo os movimentos
recentes como movimentos técnicos, puxados por um mix de posição técnica ruim,
preços/valuations menos atrativos e uma sazonalidade de final de ano em que os
gestores buscam proteger seus portfólios (seus ganhos) para o encerramento do “ano
fiscal”.
O pano de fundo
continua a ser de crescimento global robusto, inflação contida ao redor do
mundo e normalização monetária gradual por parte dos bancos centrais nas
principais economia do mundo. Este pano de fundo costuma ser positivo para
ativos de risco e, especialmente, para os ativos emergentes. O risco continua a
ser da necessidade de um processo de normalização monetária mais agressiva nos
EUA, ou uma desaceleração mais acentuada da China.
No Brasil, a inflação
corrente e prospectiva continua baixa e contida. As expectativas de inflação
estão ancoradas. O crescimento está em um processo gradual de recuperação,
assim como mercado de trabalho. As contas externas seguem saudáveis e as
perspectivas de fluxo para este final de ano são positivas. O maior problema do
país continua a ser fiscal.
Para os mercados, sigo
mais cauteloso no curto-prazo, devido a dinâmica ainda ruim dos mercados
locais, mas ainda mantenho um viés construtivo de médio e longo-prazo. Assim,
mantenho exposição compradas em ativos locais, mas administrando ativamente os
tamanhos e instrumentos das posições com o intuito de proteger de eventuais
mudanças de tendência ou realizações de lucros mais acentuadas.
No Brasil, após uma
interpretação de que o Governo estaria abandonando o projeto de Reforma da
Previdência o Governo coloco a “cavalaria na rua” para desfazer o mal
entendido. O Governo entende que hoje há pouco apoio da sociedade, da mídia e,
consequentemente, do Congresso, para uma Reforma da Previdência ampla como a
proposta anteriormente. Contudo, Temer e Cia. ainda tentarão emplacar medidas
individuais, de tramitação mais rápida no Congresso, com o intuito de avançar
no processo de ajuste das contas públicas. Neste momento, a imposição de uma
idade mínima para aposentadoria parece ser o foco da vez para tentativa de
aprovação. Ao que parece, o Governo começou uma campanha um pouco mais
agressiva em prol do avanço dessas medidas.
Enquanto isso,a mídia
continua tentando adiantar o processo eleitoral de 2018, colocando candidatos
em evidências assim como suas plataformas políticas e econômicas. Pelos seus
avanços nas pesquisas Jair Bolsonaro é a “bola da vez”. Ao que parece, segundo
a mídia, a despeito de sua postura agressiva e questionável em vários temas,
Bolsonaro está buscando apoio econômico em nomes liberais, de centro-direita e
favoráveis as reformas econômicas em curso e a atual equipe econômica. Já muito
bem vista pelo mercado e pela sociedade. Este tipo de postura reduziria o “risco
de cauda” no campo econômico em uma eventual vitória de Bolsonaro nas eleições
para presidente.
Ainda acho
extremamente cedo para antecipar o cenário eleitoral de 2018. Ainda faltam
nomes, alianças e um longo caminho até abril de 2018, quando de fato a corrida
presidencial ficará mais clara.
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