Global Risk-on, Local Risk-Off!

Primeiro, os dados econômicos, locais e externos, confirmam um cenário construtivo para a economia global e a economia do Brasil. Depois entro em detalhes.
Segundo,  preciso fazer uma “mea culpa”. Eu claramente dei menos importância a dinâmica da Reforma da Previdência para os ativos locais do que ela merecia. Os ativos do Brasil apresentaram clara performance relativa (e absoluta) pior do que seus demais pares emergentes ao longo desta semana.
Os dados recentes confirmam um quadro de recuperação do crescimento, como observamos nos últimos indicadores de confiança, e uma recuperação do mercado de trabalho, como mostrou hoje os dados de emprego do IBGE. A dinâmica de recuperação ainda é de gradualismo, mas o cenário se consolida e se torna mais espalhado. As contas externas continuam saudáveis, sem nenhum sinal aparente de “desbalanço”. Até mesmo o quadro fiscal, um enorme desafio (e um problema gigante para o futuro caso nada seja feito) mostra sinais cíclicos mais positivos, com uma melhora na arrecadação. A inflação segue baixa e surpreendendo o mercado e o BCB na ponta mais baixa.
Em suma, vejo um cenário hoje mais claro e construtivo para o Brasil do que há duas semanas atrás. Assim, fica a impressão que o fluxo de notícias envolvendo a Reforma da Previdência seja o único vetor, dado que os demais emergentes não apresentaram movimentos da mesma magnitude, que possa explicar a piora de nível dos ativos locais.
Eu tenho uma tese que o quadro fiscal só será um problema gigante, de fato, se as eleições presidenciais de 2018 colocarem no poder um presidente extremista, contrário as reformas estruturais. Caso contrário, o fiscal de 2018 será ciclicamente melhor (o que não significa que será positivo ou uma maravilha), empurrando o problema para um próximo governo. Ai sim, se nada for feito, o ano de 2019 mostrará um país muito mais fragilizado. Nesta minha teoria, se a mídia não estivesse dando enorme enfoque ao tema da Previdência, para nenhum lado, talvez os mercados não estivessem apresentando está dinâmica.
Dito isso, mantenho um viés construtivo com o país e seus ativos. Dado o cenário externo, estou preferindo exposição a bolsa do Brasil e a alguns plays no mercado de juros, dado minha visão de que a Taxa Selic irá abaixo de 7% mas, principalmente, ficará neste nível por um tempo prolongado. A curva parece apresentar prêmios neste sentido. O BRL me parece um play muito mais tático diante do cenário externo. Contudo, dado as expectativas de fluxo para este final de ano e o quadro das contas externas, não esperaria movimentos de depreciação muito além dos 3,30-3,33 recentes. De qualquer maneira, tenho sido surpreendido pela dinâmica dos mercados locais.
No resto do mundo, segue um cenário de “Reflation”. Além de dados de crescimento mostrando um mundo saudável, vemos sinais mais consistentes de uma alta gradual dos indicadores de inflação e salários nos EUA. Finalmente, a “Reforma Tributária” está avançando no Senado, o que não era esperado pelo mercado. Com este pano de fundo, a Treasury de 10 anos rompeu hoje o nível de 2,40% e, na minha visão, mantido os vetores acima, tem tudo para atingir níveis mais elevados no curto e médio-prazo.
Reitero o que escrevi ontem: Pela posição técnica do mercado e pelo desempenho do mesmo ao longo do ano, está “Grande Rotação” ainda pode continuar nos próximos dias, quiçá meses, em uma possível preparação do mercado a um eventual novo cenário econômico em 2018. Para que estes movimentos sejam mais sustentáveis, e não apenas ajustes técnicos, contudo, será necessário um suporte maior do cenário econômico. Neste frente, os próximos dias serão fundamentais, com o avanço (ou não) da Reforma Tributária nos EUA e importantes dados de inflação e emprego. (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/mercados-globais-de-goldilocks-para-um.html).

Sigo tomado em taxas de juros em alguns países do G10, além de comprado em volatilidade de Rates e alguns pares de FX, com preferência ao AUD.

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