Explaining the Unexplainable
Continuamos passando por um momento em que a dinâmica dos ativos
de risco está em dissonância do panorama macro global. Não tenho uma explicação
muito concreta ou convicta em relação a esta divergência.
Uma conjunção de vetores pode ser utilizada para explicar a
dinâmica dos mercados financeiros globais. A posição técnica do mercado está
comprometida (vide o relatório mensal da Merrill Lynch http://www.zerohedge.com/news/2017-11-14/bank-america-clear-sign-irrational-exuberance),
os níveis de preço e valuations são menos óbvios nos atuais níveis, e o final
de ano induz os investidores a realizações de lucros. Além disso, o processo de
redução do balanço do Fed teve início em outubro, assim como a normalização
monetária por parte de muitos bancos centrais no mundo desenvolvido. Não consigo apontar qual foi o trigger para o
início deste processo de realização de lucros dos ativos de risco, nem mesmo o
que será determinante para seu encerramento, ou se estamos diante de uma
mudança gradual de cenário.
Os sinais de cautela estão se acumulando. Nas últimas semanas,
vimos realizações de lucros, em maior ou em menor grau, nos ativos emergentes,
nos High Yield Bonds, no Nikkei e etc. Estes sinais podem levar a uma correção
mais acentuada dos ativos de risco, em um movimento clássico de desalavancagem,
ou serem apenas “falsos rompimentos”, levando a correções apenas moderadas nos
preços dos ativos.
O cenário econômico segue estável e relativamente construtivo.
Hoje vimos dados robustos de PIB na Europa e vendas no varejo saudáveis no
Brasil. Os sinais são de recuperação na arrecadação Federal e de continuidade
de recuperação da economia do país. A inflação nos EUA, através do PPI, foi o
único sinal de alerta ao mercado, mas apresentou pouca repercussão no preço dos
ativos, com os juros nos EUA praticamente inalterados.
Eu via alguns riscos ao cenário. O primeiro, do crescimento
chinês, que não se realizou. O segundo, na inflação nos EUA, que ainda é uma
“nuvem negra” que ronda o mercado. O PPI de hoje elevou a probabilidade, mesmo
que de maneira gradual, de dados mais elevados de inflação no país. A redução
do balanço do Fed poderia ser visto como um terceiro risco no mercado, mas tem
mostrado pouco efeito sobre as taxas de juros no país, que seria de onde viria
o primeiro sinal de alerta para os demais ativos de risco.
Eu até acreditava que o mercado poderia apresentar uma
realização de lucros pelos motivos já supra citados, mas não imaginava que a
magnitude das pioras, especialmente no Brasil e nos demais ativos emergentes,
seria tão grande, na ausência dos riscos apontados acima (crescimento na China,
inflação nos EUA e/ou redução do balanço do Fed com alta de taxas longas de
juros). Por isso, vinha carregando posições compradas em volatilidade em Rates,
Equities e FX contra posições compradas em ativos no Brasil. Mantenho este
portfólio mas venho administrando ativamente estas posições em termos de
tamanho e instrumentos.
Por ora, mantenho meu cenário base inalterado, que será
reavaliado após o Core CPI nos EUA amanhã. A dinâmica dos mercados requer
cautela redobrada. O price-action está bastante estranho, as correlações estão
de difícil explicação no curto-prazo e o cenário macro descolou dos preços e da
dinâmica dos mercados. Nestes momentos, toda cautela é necessária. Tentarei
manter o book um pouco mais neutro mesmo que por ora os hedges não estejam
funcionando como deveriam.
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