Cenário Brasil & Externo.
O final de semana
trouxe poucas novidades concretas para os cenários locais e externo. No cenário
externo, apenas alguns desenvolvimentos na Arábia Saudita estão sendo foco da
mídia, mas nada que deva gerar contágio para o cenário macro global. As
questões levantadas ao longo das últimas 24 horas, que não são fundamentais
para o panorama global, devem se manter localizadas.
Brasil - No Brasil, na
ausência de novidades relevantes no cenário, a mídia continua tentando
antecipar o cenário para as eleições presidenciais de 2018. O PT circula a
notícia de que Lula poderá ser candidato a presidente e, eventualmente,
concorrer pelo menos no primeiro turno. Sua candidatura estaria embasada na
possibilidade de recursos caso o ex presidente seja realmente condenado em
segunda instância na justiça.
Nas esferas públicas,
O Ministro do STF, e Presidente do TSE no ano que vem, Luis Fux declarou que
acha contraproducente candidatos a cargos públicos que sejam denunciados na
justiça concorrerem nas eleições, jogando um certo “banho de agua fria” na tese
do PT.
Os partidos de
oposição continuam evitando qualquer prognostico, e evitando nomear candidatos
neste estágio o ciclo eleitoral.
As colocações de
Henrique Mereilles sobre ser “presidenciável” foram mal vistas no meio político
dado o timing das declarações. Além disso, o nome do Ministro da Fazenda começou
a circular, em uma série de notícias requentadas, em relação a seu envolvimento
com o Grupo JBS. Este panorama ajudou a afetar o nome do Ministro em um momento
de humor de mercado já fragilizado. Vejo esses eventos como ruídos de
curto-prazo. Acho natural Meirelles ser presidenciável. Em relação a seu
envolvimento com a JBS, os fatos são de conhecimento público há tempos e o
Ministro mostra um embasamento contratual que deveria dar alguma blindagem a
sua situação.
A situação política
do país segue fluída. O Planalto está tendo que lidar com alguns obstáculos de
curto-prazo, como as declarações do Ministro da Justiça em relação a situação
de segurança pública do Rio de Janeiro, além da situação controversa em que se
colocou a Ministra da Ação Social. Essas questões devem ser vistas como normais
e qualquer Governo (ou até mesmo no setor privado).
É inegável, contudo,
que o Governo se mostra mais fragilizado e precisa aglutinar, novamente, sua
base aliada em prol de uma nova rodada de implementação de uma agenda positiva
de reformas. O Presidente Temer buscará fazer exatamente isso nos próximos
dias.
Enquanto isso, não há
mudanças substanciais do cenário econômico local. Ainda estamos no meio de uma
recuperação cíclica do crescimento. A inflação continua baixa. Tudo indica que
o piso da inflação já foi feito, mas as perspectivas de médio-prazo (6 a 18
meses) continuam bastante favoráveis. O mercado de trabalho mostra recuperação
gradual, o que ajuda o consumo interno. As contas externas seguem saudáveis. O problema
fiscal ainda preocupa no longo-prazo e é por isso que uma Reforma da
Previdência ainda é essencial.
Externo – Escrevi bastante
sobre o cenário externo na semana passada (https://mercadosglobais.blogspot.com.br/2017/11/the-ugly-path-to-beautiful-reflation.html).
Acreditava que
existia uma certa leniência do mercado em relação ao cenário ao longo dos
últimos meses, mas não esperava uma deterioração tão acentuada dos mercados
emergentes na ausência de uma alta mais agressiva dos juros no mundo
desenvolvido e, especialmente, na ausência de dados mais concretos de inflação
nos EUA.
Resumidamente, vejo o
cenário da seguinte forma: Um curto-prazo ainda de incerteza, especialmente
frente a dinâmica tenebrosa dos ativos emergentes. Acredito que grande parte do
movimento seja um misto de posição técnica, valuations menos triviais e a
sazonalidade do final de ano, em que muitos gestores precisam defender seus
PnLs. Acredito que parte dessas questões tenham sido “aliviadas” nos últimos
dias/semanas, mas será sempre difícil acertar o momento correto das inversões
de movimentos.
Ainda vejo um cenário
global saudável e positivo, de crescimento sólido, ajuste apenas gradual da
política monetária no mundo desenvolvido e uma inflação ainda relativamente
baixa ao redor do mundo. A maioria dos países emergentes mostra fundamentos
mais sólidos hoje do que em outros momentos de “stress” de mercado, como em
2013 com o “Taper Tantrum” e 2015 com os ruídos provenientes da China e de
outros emergentes, como a crise política no Brasil.
Como risco, o
processo de normalização monetária no mundo desenvolvido ainda aparenta ser o
principal obstáculo a ser superado nos próximos meses (quiça anos).
Terminamos assim:
Precisamos respeitar a dinâmica do mercado. Acho que o momento seja de
adicionar alocações em alguns ativos no Brasil, visando o médio-prazo. Essas alocações
precisam ter seu tamanho ajustado para o novo nível de volatilidade, stops bem
definidos e/ou a utilização de instrumentos que permitam defender o portfólio
caso a deterioração continue, como o uso de estruturas de opção com perdas
limitadas, especialmente no Ibovespa. Gosto de combinar essas posições com
posições tomadas em juros nos EUA e compra de volatilidade de Rates e Equities
nos EUA.
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